quarta-feira, 26 de março de 2014

MARANHÃO DAS INCERTEZAS


O eleitor maranhense cansado, desconfiado, não está nem aí para a política. Ainda não. Está distante, nem olha e, se olha, desvia o olhar sabiamente, pois tamanha é a decepção com o nosso cenário. 

O eleitor perde o estímulo, a vontade de olhar. Prefere manter a distância, pois a proximidade causa um mal estar terrível, embrulha o estômago, machuca a alma.

Mas vai ter de prestar alguma atenção mais na frente, quando o barulho começar, as campanhas aparecerem, as velhas promessas a serem pomposamente prometidas para não serem cumpridas, os falsos sorrisos, os abraços, os discursos repetidos, ...

Hoje, como desde novembro de 2010, nota-se, facilmente, o empenho de um setor das oposições maranhenses para que não haja uma candidatura alternativa às já postas até aqui.

Apossado de todos os partidos políticos que transitam, uns mais, outros menos, fora do circuito do situacionismo (leia-se sarneísmo), esse setor que jamais aceitara no passado a proposta de unidade democrática num primeiro turno, agora, quer-se no direito de evitar, por todos os meios, o surgimento daquilo que poderia acrescentar (e não diminuir!) o debate eleitoral maranhense.

Sou daqueles que não se sentem representados por nenhuma das duas candidaturas já postas e, creio, assim como eu, há muitos eleitores por aí aguardando uma outra opção.

As duas forças que se digladiam até aqui só decepcionam o eleitor que deseja algo a mais do que a velha disputa do poder pelo poder.

O eleitor não quer saber do interesse pessoal, de grupo ou de partidos políticos que só pensam naquilo, no próprio umbigo, na sua eleição e/ou reeleição, na coligação a ser formada para se eleger mais facilmente e com menos votos, etc.

Cansou! O eleitor quer desprendimento, disposição, coragem daqueles que se dizem representantes dos interesses da sociedade.

O eleitor quer mudança. Mas a que traga consigo novas práticas políticas e administrativas, transparência na gestão, compromisso de que o que se arrecada dos impostos vai ser aplicado corretamente nos serviços que o município, o estado e o país prestam à sociedade.

O eleitor não quer mais do mesmo. Sabe que a mesmice, mesmo que bem vestida com um roupão anti-situação e cubra o rosto com um lenço bonito da renovação, se revela velha a cada gesto.

O eleitor quer de volta os valores republicanos, a ética, a vergonha de seus homens públicos.

O eleitor quer Justiça! O eleitor não quer ver somente os pobres julgados, condenados e presos. 

O eleitor quer ver os brancos, amarelos, negros e mestiços novos-brancos adinheirados que usam gravatas ou não, desfilam em carrões e surrupiam o dinheiro público no banco dos réus, processados, julgados e condenados por corrupção. Ah! Outro dia, em Imperatriz, escutei um transeunte desabafando: "Bem que alguns poderiam ir para Pedrinhas!"

O eleitor, penso eu, quer a normalidade da vida pública, a coisa feita de forma correta, simples; quer se sentir respeitado nos seus direitos; quer colaborar naquilo que acredita e é convocado a ajudar.

O eleitor, penso eu, quer a boa política porque sabe que só esta lhe dá resultados na educação, na saúde, no transporte público de qualidade, na segurança pública efetiva, ...

Mas, por enquanto, o eleitor maranhense espera, olha escondido, imagina se disso tudo não surge algo novo, realmente novo, que lhe dê esperanças de seguir em frente.

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