segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Internas do Sistema Prisional maranhense lançam grife de roupas ‘Comchita’

 Com direito a coquetel de lançamento e desfile, a nova grife maranhense ‘Comchita’ foi apresentada ao público oficialmente na última sexta-feira (25), na Casa do Maranhão, centro de São Luís. A Comchita, que ganhou o nome pelo uso da chita, tecido com traços da cultura maranhense, tem um grande diferencial na formatação das peças: todos os produtos são confeccionados por dezenove internas do sistema prisional do Maranhão, sendo que todas são participantes das oficinas de ressocialização mantidas pelo Governo do Estado.
Uma das modelos e estilistas é Orlete Feitosa, de 25 anos. Ela conta que aprendeu a arte da costura quando começou a cumprir a pena e quer levará o aprendizado para fora dos muros do presidio. “É uma oportunidade única que nós temos que abraçar com as duas mãos. Estou há dois anos e meio nessa situação e desde então só o que tenho feito é melhorar, aprendi a costurar e vou levar isso para o resto da minha vida”, conta a interna que desfilou usando um vestido branco com detalhes em chita.
Quem também não escondia a alegria em desfilar com as roupas feitas com as próprias mãos era Rafaela Almeida, de 20 anos. “Esse desfile é o fruto do nosso esforço que está sendo apresentado aqui e que deve chegar a pessoas de todos os lugares. Agradeço muito às instrutoras da oficina que ensinaram as técnicas e nos incentivaram a buscar uma nova vida”, conta a interna que no próximo ano ganhará o direito ao regime semiaberto.
As roupas foram confeccionadas pelas internas que participam das oficinas de corte e costura que é promovida dentro do presidio feminino. “Não é um desfile de moda, não é a beleza física que interessa, o que interessa é a beleza que há no trabalho de ressocialização feito na penitenciária feminina através da parceria das secretarias de Administração Penitenciária (Seap) e da Mulher (Semu). É isso que significa a marca”, conta Odaíza Gadelha, secretária adjunta de Atendimento e Humanização Penitenciária da Seap.
A secretária da Mulher, Laurinda Pinto, conta que a profissionalização de apenadas é uma das grandes apostas de valorização e ressocialização das mulheres. “Trabalhar a moda com identidade cultural, através do uso da chita, é uma forma de valorizar essas mulheres que estão privadas de liberdade, mas não de criatividade, não da produção cultural, nem dos direitos educacionais e de produção”, afirma.

Como funciona
As internas que fazem parte da Comchita cumprem pena pelos mais diversos delitos e aprenderam dentro da unidade prisional uma profissão. Elas não recebem pagamento em dinheiro pelo trabalho, mas são beneficiadas pela Lei de Execuções Penais (LEP) que prevê que três dias trabalhados equivalem a um dia de reclusão a menos.
Ressocialização e Inclusão no Maranhão
Mais de 2 mil internos do sistema prisional maranhense estão inseridos em ações de qualificação do trabalho e renda das mais de 90 oficinas em pleno funcionamento nos presídios do estado. As atividades variam entre padarias, malharias, serigrafias, fábricas de blocos de concreto e meio-fio, almofadas, chinelos, hortas, artesanato, vassouras, salões de beleza e outras.

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