sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Sobre alianças, esquerda e direita na sucessão estadual.

 
Cristiano Capovilla* 
 Nas últimas semanas, várias opiniões foram formuladas acerca do tamanho, composição e natureza dos apoios e alianças que o governador Flávio Dino está angariando para a sucessão estadual em outubro próximo.  A reincidência com que o assunto é posto em pauta na mídia escrita e falada, nos círculos sociais e políticos mostra a dimensão do acontecimento e a centralidade que ela assume. Dos vários enfoques sobre a questão, duas dessas opiniões devem ser aqui tratadas: a da oposição sarneysista e a dos sequazes esquerdistas.
 Os primeiros enfocam o acontecimento no âmbito do oportunismo eleitoral e da incoerência política. Argumentam que nas articulações para reeleição, Flávio Dino estaria perdendo o “pudor”, caindo em contradições, buscando se “manter no poder” a qualquer preço (EMA 21/01/18). Já os segundos, modificando apenas os adjetivos, acreditam que o governo e a candidatura Dino perdeu o rumo, traiu sua história de lutas e, ao “ampliar as alianças” unindo-se a setores “empresariais e burgueses”, estaria perdendo a autenticidade da esquerda. Ora, não deixa de ser interessante como os dois extremos dialogam tão bem. Na verdade são duas opiniões com um único objetivo: golpear o governo e a candidatura Dino, tentando deslegitimá-la enquanto porta voz das esperanças do povo maranhense.
 A busca de compromissos, apoios e de ampliação da frente que sustenta o governo e vai buscar sua reeleição é um movimento tático coerente e imprescindível, que tem por objetivo estratégico vencer as eleições e angariar força política suficiente para aprofundar a mudança dos rumos do Maranhão, tudo isso num contexto difícil para a economia e a democracia brasileira. A política de alianças deve ser elaborada levando-se em conta serenamente, com estrita objetividade, todas as forças que compõem em determinado contexto histórico a disputa em questão. Não se faz alianças políticas no abstrato. A oligarquia Sarney, bem formada e entendedora dos processos políticos, sabe disso. Entretanto, agora, tenta desqualificar a discussão através da sua grande imprensa e, hipocritamente, tornam-se arautos da pureza política. Porém, o que realmente querem, é o isolamento de Flávio Dino, deixando-o sem condições de comandar e representar uma ampla frente contra o domínio oligárquico e o mandonismo sarneyisista e, o que é mais importante, impedir que o Maranhão se livre em definitivo do atraso e da inoperância. Já os esquerdistas querem uma candidatura sectária e que seu programa seja expressão do desejo subjetivo de meia dúzia de trotskistas. Seria o isolamento da vontade popular, a derrota antecipada.
 Se de fato queremos aprofundar a mudança do Maranhão, primeiramente precisamos vencer as poderosas forças oligárquicas que se aliaram ao que há de mais obsoleto na política para perpetuar o atraso do nosso estado. Para tanto é necessário mostrar capacidade para construir uma nova maioria política. Nosso desafio é aglutinar essa nova maioria para ganhar as eleições, ter força para governar e efetivar as transformações necessárias ao desenvolvimento e a melhoria de qualidade de vida do sofrido povo maranhense. É isso que a
maioria do povo quer: educação, segurança, desenvolvimento, um governo honesto e trabalhador. E é isso que a candidatura à reeleição do governador Flávio Dino representa.
 O momento histórico exige esse compromisso com a transformação social. A crise financeira e econômica que afetam Estados e municípios - frutos podres do retorno do neoliberalismo ao comando da nação - levaram os trabalhadores, as camadas médias da sociedade e o empresariado a confiar no projeto alternativo, democrático e republicano do atual governo do Estado. Lideranças políticas e sociais do campo democrático, progressista, da esquerda e mesmo de segmentos do centro do espectro político local, aproximam-se da candidatura comunista em reconhecimento à sua seriedade, trabalho, compromisso e, principalmente, pelo programa de transformação social e econômica do Maranhão.
 Tais apoios não implicam em renuncia ao programa social, progressista, democrático e de mudanças do Maranhão. Pelo contrário! O programa de Flávio Dino é um compromisso histórico do movimento e dos partidos da esquerda progressista. Essa é a sua essência, sua força e sua substância fundamental. Mas não é só isso. Logicamente, a essência se manifesta num conteúdo material que, no caso, são as ações, as obras, o trabalho nos diversos municípios e locais onde o povo está e precisa. Nunca na história do Maranhão um governo fez tanto em tão pouco tempo. Ora, a forma que deve assumir o conteúdo e a essência do programa progressista e transformador só pode ser a amplidão política! A amplitude de movimentos e forças políticas é o verdadeiro modo de expressão do conteúdo programático e da essência política de esquerda do governo e da candidatura Flávio Dino. Não é, pois, a extensão da aliança que modifica o compromisso programático, mas, ao contrário, é a justeza substancial do programa que deve necessariamente exprimir-se num abrangente escopo político-eleitoral. O desenvolvimento do Maranhão é uma exigência da maioria da sociedade, não somente de setores ou segmentos. Essa é a principal demonstração do programa de transformação e de mudanças.
 É nesse contexto que está o apoio de amplos setores políticos ao governo e à candidatura Flávio Dino à reeleição. Esse é um movimento que apenas está iniciando e deve ser estimulado. Mais apoios estão por vir. Quanto às opiniões oligárquicas e esquerdistas que querem uma candidatura pura, fraca e isolada, são mal intencionadas ou ingênuas, mas em ambos os casos desconectadas da premência política da transformação social que o povo do Maranhão exige para o momento. Do que se trata agora é de angariar amplas forças políticas e sociais para vencer as eleições e executar o programa de desenvolvimento do nosso estado. 

* Professor de Filosofia da UFMA e diretor da Fundação Maurício Grabois

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