segunda-feira, 4 de junho de 2018

A força jovem

Natalino Salgado lembra que jovens estão à mercê de uma série de pressões, como a escolha da profissão
Um chamado para o despertamento. Esse é o propósito do Sínodo dos Bispos 2018, que será realizado em outubro, voltado para a juventude, a fé e o discernimento vocacional. Uma série de eventos está ocorrendo mundo afora como forma de atrair discussões sobre o assunto. O relator geral do evento será o brasileiro Cardeal Sérgio da Rocha e a cada semana são divulgados resultados desses encontros.
A escolha pelo tema é pertinente. Os jovens encontram-se à mercê de uma série de pressões como a escolha da profissão, o desafio de estabelecer-se num mercado competitivo, a formação de uma família. Some-se a isso o fato de, particularmente, no Brasil, as condições desfavoráveis tornam essa caminhada ainda mais árdua. Pesquisa divulgada, há menos de seis meses pelo G1, revelou que o desemprego, no Brasil, afetou sobremaneira os jovens. Num período de apenas 4 anos – 2012 e 2016 – o número de jovens desempregados, com idade entre 16 e 29 anos, saltou de 4 milhões para 6,3 milhões.
Outro interessante estudo, publicado no início deste ano, intitulado Modelo de País, desenvolvido pela PUCRS, revelou que 80% dos jovens se preocupam com o futuro do Brasil. Reforma política imediata e maior  investimento em educação são as respostas que os jovens apresentam para mudar essa realidade.
O cenário não é promissor. É bem verdade que algumas soluções não são fáceis e rápidas, mas são as que podem oferecer chances reais de saída desse quadro. Estar preparado para quando a oportunidade chegar ou quando tempos melhores sobrevierem é uma delas e isso se consegue por meio do estudo contínuo, focado e perseverante. Manter uma boa rede de relacionamento, se manter disponível, atualizado e de alguma forma atuante – a realização de atividades voluntárias é um quesito que sempre conta – são outras formas de enfrentamento.
Mas, acima de tudo, entendo, como cristão, que o jovem não pode perder ou mesmo abandonar a fé. O Apóstolo João escreve em uma de suas epístolas:  “Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno”(Carta de São João, Capítulo 2, versículo 11). O autor de Eclesiastes também traz outra severa advertência à juventude: “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento…” (Eclesiastes 12:1).
O Sínodo dos Bispos visa, sobretudo, estimular a juventude em sua caminhada rumo à vida adulta de forma que estes tenham a tranquilidade de fazer escolhas certas, ancorados na esperança divina e no compromisso com a igreja. E que, independente de suas escolhas, possam ser úteis ao próximo, às suas famílias e à sociedade.
Alguns, menos esperançosos, hão de afirmar que se trata de um desafio impossível. Invoco novamente as palavras de Salomão, em Provérbios: “Como pode um jovem conservar puro o seu caminho? Vivendo-o de acordo com a tua Palavra” (Salmos 119:9).
No documento pré-sinodal assinado por uma extensa comunidade de jovens, estes deixaram claro que querem uma igreja ativa, transparente, enraizada no Evangelho e que esteja acessível a todos. É de Mahatma Ghandi uma frase espetacular: seja a mudança que você quer ver no mundo.  Se cada um fizer a sua parte, teremos sim o fortalecimento não apenas da fé, mas da própria igreja.
* Médico, doutor em Nefrologia, ex-reitor da UFMA, membro da ANM, da AML, da AMM, Sobrames e do IHGMA

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