sexta-feira, 1 de junho de 2018

O valor subjetivo da moral

 
Manoel Henrique, poeta.

Certa noite, um policial, que se encontrava com uma prostituta em um motel, deu por falta de sua carteira. Sem titubear, acusou sua acompanhante de ter-se apropriado dela.
A mulher, indignada com a situação, reagiu à acusação e, magoada, falou que era prostituta, mas não era ladra, o que veio a se comprovar depois que ele mesmo achou a bolsa perdida.
Tempos depois, o mesmo policial, em uma diligência para prender uma ladra, ao encurralá-la, de perto, observou sua beleza e, fascinado, propôs facilitar-lhe a fuga em troca de alguns momentos de prazer.
Ela, também indignada e analogamente magoada, respondeu-lhe de forma áspera que era uma ladra, mas jamais trocaria seu corpo por alguma vantagem como se fosse uma prostituta.
As duas situações mostram como os valores morais são subjetivos. O que é imoral para uns pode não o ser para outros e vice-versa. Ou seja, não se pode exigir que todas as pessoas tenham a mesma concepção do que é certo e do que é errado acerca de conceitos morais.
Assim, muitos que se arrogam no direito de paladinos da moral e dos bons costumes, frequentemente, julgam e condenam seus semelhantes, mas adotam procedimentos deploráveis, os quais, em sua mente egoísta, são plenamente justificáveis: furam filas, desrespeitam faixas de pedestres, estacionam em vagas de idosos e de pessoas com dificuldade de locomoção, sonegam impostos, corrompem agentes públicos, compram certificados, usam atestados médicos falsos, fazem intrigas, disseminam notícias sabidamente falsas, negam ajuda a necessitados etc.
Seria de bom alvitre que esses censores observassem que, ao se apontar um dedo para o próximo, os outros quatro dedos estarão voltados em sentido contrário, apontando para si mesmo.

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