sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Flavio Dino: É preciso moderação, mas sem ceder a escalada fascista



Em entrevista ao site T1 Notícias de Tocantins, o governador Flávio Dino (PCdoB) disse que o momento político exige atenuação dos opositores ao governo Bolsonaro, mas ao mesmo tempo não se pode naturalizar os absurdos cometidos pelo presidente. 
“Precisamos ter uma atitude de moderação, de bom senso, de manutenção da civilidade democrática, mas ao mesmo tempo não transigir com esse tipo de coisa, por que eu sei onde leva esta escalada fascista. A história ensina para onde ela leva”, disse o governador.

Na sua análise, é visão de Bolsonaro que com os conflitos se manterá no poder e calar as vozes dissonantes. “Por isso que eles fazem todo dia. É como se fosse uma programação. Não é casuístico, não é insensatez, é método. Isso que é mais assustador”, considerou.

“É uma coisa que o Brasil nunca viu. Basta olhar as declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso, que a essas alturas é insuspeito de ser comunista. Um homem do centro político e ele está chamando a atenção para isto. Há setores mais amplos da esquerda que estão chamando a atenção para isto. E nesse conjunto eu me insiro com muita incisividade”, diz.

Para ele, é preciso corrigir essa situação como mecanismos de controle por meio das instituições como o Congresso Nacional, Judiciário, Ministério Público. 

“Essas instâncias irão cumprir seu papel, acredito. E ao mesmo tempo acredito nas outras instâncias sociais a exemplo da imprensa livre e independente, a exemplo do mundo acadêmico, da juventude, dos movimentos sociais. Tenho muita convicção de que este conjunto vai funcionar, já está funcionando”, argumentou.

Segundo ele, diante das agressões contra o Estado de Direto, a exemplo do que foi feito com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, demonstram que o país caminha para um rumo errado. 

“De um lado não há o cuidado necessário às emergências reais da população, marcadamente o desemprego, nós estamos a seis meses de um governo federal que tem em suas mãos os principais instrumentos de política econômica(...) Em seis meses é um governo que não fala de geração de emprego. Temos uma tênue retomada, mas muito abaixo do que poderia e deveria ter sido feito, antes”, afirmou.

Sobre o ataque direto que sofreu de Bolsonaro, Flávio Dino diz que há uma uma tentativa de intimidação de todo o campo da oposição.

“Ao se referir a mim daquele modo ele se refere a todos os opositores. Por que é uma tentativa de intimidar as vozes discordantes, quando diz assim: não tem que ter nada com aquele cara. Com ódio na face que impacta, não é uma mensagem para mim, ou para os ´paraíbas´, é uma mensagem para todos aqueles que se opõe”, disse.

Prosseguiu: “Por que se ele tem coragem de se dirigir daquele modo a um governador de Estado, eleito e reeleito em primeiro turno, imagine como ele se dirige para aqueles outros que ele acha mais frágeis. Então o mesmo raciocínio serve para o presidente da OAB. O que é aquilo? É uma tentativa de calar e silenciar a OAB.”

O governador acrescentou que o país vive um momento inédito na sua história. “Do ponto de vista da gestão política é um pouco pior por que nós temos a consolidação orgulhosa de extremismos e sectarismos. É algo inédito na vida política brasileira. É uma extrema direita violenta, pelo menos no ponto de vista simbólico, que busca estigmatizar, perseguir, agredir, o tempo inteiro”, afirmou.

“Se as vítimas do presidente fossemos eu e o presidente Felipe Santa Cruz eu não estaria tão incomodado, por que faz parte do processo democrático, contradições... o que me incomoda é que não somos só nós”, lembrou.

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