terça-feira, 6 de agosto de 2019

O melhor da UTI é a morfina (SQN!)


Por Maria Spíndola*

Ai meu Deus! Ai meu Deus! Tá doendo! Tá doendo! Enquanto a maca atravessava o corredor entre o Centro Cirúrgico e a UTI, meus gritos de dor atravessavam as paredes do Hospital Dutra e iam bater nem sei aonde. Na UTI, logo me deram uma dose de morfina e a dor foi embora. De quatro em quatro horas, lá vinha ela, a abençoada morfina. Quando não era ela, vinha a dipirona e o efeito não era o mesmo, mas mandava pra longe o sofrimento da dor, experimentado apenas na saída do Centro Cirúrgico e nunca mais.

Nos dois dias em que fiquei na UTI, fui cuidada com um carinho e uma alegria de funcionários altamente humanizados. O sorriso e a boa vontade de cada enfermeira, de cada enfermeiro, contribuíram para a minha rápida e surpreendente recuperação. O aneurisma cerebral, praticamente uma bomba relógio na minha cabeça, havia sido descoberto no dia 9 de maio de 2019. Em 07 de junho, dia do meu aniversário, estava fazendo angiografia para saber qual o melhor método de resolver o drama e continuar a viver.

Em 25 de junho fui operada por uma equipe altamente profissional, e certamente guiada pelas mãos de Deus. Jesus Cristo fez toda a diferença em todo o percurso do meu vale da sombra da morte. No momento em que descobri que tinha uma artéria intracraniana em risco de romper, falei com Deus que precisava Dele e nada mais me importava na vida, a não ser estar em conexão e comunhão com o Senhor. Foi automático! Fui tomada por paz e alegria e foi assim que encarei todo o percurso desta via crucis.

O medo teve que bater em retirada. As pessoas da minha família e amigos não entendiam como eu podia cantarolar e estar tão tranquila diante de um problema de saúde tão grave e que poderia, sim, me levar à morte. Mas eu tinha plena consciência do que estava acontecendo. Deus estava no comando, eu estava em Suas mãos. Como diz uma canção, ninguém explica Deus. E a fé realmente ultrapassa o entendimento, como está na Bíblia. Cheguei a lamentar a tristeza que minha família e amigos sentiriam, se eu morresse. Eu tinha certeza de que, se morresse, iria pra um lugar melhor que aqui. Nem da morte eu tive medo.

Foram quatro dias no hospital. Quatro dias com dificuldade para dormir apenas em uma posição, mas isso era mínimo diante do máximo que já tinha vencido. Quatro dias constatando que todos os meus membros se moviam com perfeição, sem sequelas. Quatro dias vendo que meu rosto ficou apenas levemente inchado e sem hematomas ou edemas. Quatro dias sendo bem cuidada pela equipe do Hospital Dutra. Na UTI, me deram dois banhos em cima do leito mesmo, o que é praxe. Na primeira vez foram duas enfermeiras. Quanta eficiência e descontração da parte delas! Na segunda, um enfermeiro, imenso e muito simpático. Pensei que eu fosse morrer de vergonha. Mas eles são profissionais tão eficientes, dedicados e íntegros, que nem deu tempo de sentir vergonha.

Sou imensamente agradecida pelo carinho com que fui tratada no Hospital Dutra. Em nenhum momento me senti sozinha ou sem assistência. Além da minha família amada e querida que não me deixou um permitido instante, sempre um profissional de saúde estava perto de mim, como o psicólogo que vinha religiosamente todo dia conversar comigo e dava tanta importância aos meus sentimentos mais rasos, que os transformava em profundos. Foi a maior experiência da minha vida. Agradeço a todos que oraram por mim. Agradeço a todos que se preocuparam e tentaram me ajudar ou efetivamente me ajudaram. O melhor da UTI não foi a morfina. Foi o tratamento que recebi da equipe do hospital e, é claro, a companhia divina, gloriosa e inafastável de Cristo Jesus!

*Maria Spíndola é jornalista, radialista, cantora, compositora e artesã

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