terça-feira, 12 de julho de 2022

Expert em logística global e um dos idealizadores do estudo da Nova Rota da Seda da China, do projeto Belt & Road Initiative (BRI), é recebido em São Luís do Maranhão.


Paul Lee, professor da Universidade Zhejiang, na China, abriu o Seminário e apresentou os pontos que tornam a capital maranhense e o Porto de Itaqui pontos estratégicos na Nova Rota da Seda. O evento é uma realização da Fundação Sousândrade e SEDEPE com o apoio do Porto do Itaqui e Gasmar, com patrocínio do Ceuma; Equatorial Maranhão; Fiema; GPM e Suzano.

No primeiro dia do Simpósio Internacional “As Potencialidades do Maranhão na Nova Rota da Seda da China: Oportunidades de Negócio e de Desenvolvimento para o Brasil”, realizado no Palácio dos Leões, sede do governo de São Luís, Paul Lee, professor da Universidade Zhejiang, na China, e um dos idealizadores do estudo “Strategic locations for logistics distributions centers along the Belt & Road”, de 2022, deu detalhes sobre o projeto Belt & Road Initiative (BRI) e esclareceu porque a capital maranhense é um dos pontos estratégicos para a expansão da Nova Rota da Seda da China.

Ao lado do secretário de Desenvolvimento Econômico, José Reinaldo Tavares (SEDEPE), Lee explicou que, como um grande parceiro comercial do Brasil, a China busca incrementar ainda mais a exportação de diversas commodities e que um dos diferenciais e potencialidades do estado do Maranhão está justamente em sua posição logística estratégica e também nas particularidades do Porto de Itaqui. “Por conta da profundidade, o Porto de Itaqui permite acomodar grandes navios e embarcações, como os que transportam minério de ferro e grãos. Além disso, o projeto poderá tornar os custos de transportes entre os dois países ainda mais competitivos”, avalia Lee.

O professor Paul Lee apresentou estudos de caso e deu um panorama geral sobre o funcionamento do financiamento e dos negócios da China relacionados ao projeto BRI, além de ressaltar a importância das seguranças alimentar, energética e ambiental. O estudioso também pontuou a importância do movimento de cargas e navios ao redor do mundo e os mecanismos de importação e exportação para a iniciativa.

Lee mostrou a atuação do projeto BRI em diversos países e falou também sobre como é possível fazer um modelo de precificação integrada entre os setores de portos e ferrovias para tornar a exportação brasileira mais competitiva. “A rota da seda é composta basicamente por dois componentes: a linha terrestre e as linhas marítimas. No meu estudo propus uma nova rota da seda marítima entre Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e América do Sul”, explica. “A BRI também tem foco no desenvolvimento das questões terrestres – o Brasil, por exemplo, possui portos secos, por conta do tamanho do país. Os portos secos, conectados por ferrovias, estão em inúmeros exemplos no projeto BRI”, aponta.

O Porto de Itaqui no Maranhão já é um dos principais exportadores de grãos e minérios de ferro para a China e o objetivo, de acordo com Ted Lago, presidente do Porto de Itaqui, é dar um segundo passo, ao inserir a América do Sul no conceito da Rota da Seda, uma rota milenar e recentemente reativada pela China na geopolítica internacional. “Nosso propósito é planejar a inserção do Porto de Itaqui no Maranhão na cadeia produtiva chinesa, não só na exportação das commodities, mas também no processo produtivo. Queremos atrair indústrias para cá e buscar mais investimentos em infraestrutura para diminuir os custos em logística”, observa Lago.

Ted Lago esclarece, ainda, que o Porto de Itaqui já está inserido na cadeia logística da China, por movimentar cargas de sete estados da região Centro-Oeste. “Esse é um mercado de mais de 50 bilhões de pessoas. Estamos oferecendo nossa infraestrutura para que as indústrias chinesas também possam ser implantadas no Maranhão, agregar valor, gerar empregos, e também no sentido contrário, de que a matéria prima nacional possa ser exportada para a China, complementa.

Com a inclusão de São Luís na BRI, a China vai garantir vultosos recursos para infraestrutura, centrais de distribuição de mercadorias e acesso privilegiado para exportação a outros países que compõem o projeto. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico (SEDEPE), José Reinaldo Tavares, a inclusão de São Luís no maior programa de expansão econômico do mundo inaugura uma fase inédita de desenvolvimento socioeconômico para o Maranhão, a partir de uma discussão que envolve vários aspectos, desde o turismo até infraestrutura, desenvolvimento econômico e segurança alimentar. “É o início de uma possível mudança, muito forte, nas condições do movimento do Estado”, avalia.

Tavares lembrou, ainda, que o professor Lee faz parte de uma elite de grandes pesquisadores e é um dos idealizadores do projeto da Nova Rota da Seda, que inclui São Luís. “Hoje, o Maranhão tem o maior complexo portuário do Brasil, ligado a grandes ferrovias, como a Norte-Sul, e qualquer mercadoria chega a qualquer porto brasileiro com custos muito mais baixos, o que é uma vantagem enorme”, lembra.

O projeto traz, ainda, um impulso em novas oportunidades para o setor de energias renováveis no comércio global. De acordo com Allan Kardec, diretor da Gasmar - Companhia Maranhense de Gás, a perspectiva é de que o gás GNL produzido na bacia do Parnaíba seja exportado a partir do projeto BRI. “Acabamos de fechar um contrato com a Vale, no valor de R$ 1 bilhão, e outro com a Suzano, este de meio bilhão de reais, e enxergamos grandes oportunidades para exportação. O Maranhão pode se viabilizar como um cluster de gás, não apenas pelas grandes indústrias, mas também das pequenas e de gás veicular”, afirma Kardec. A programação do Simpósio Internacional prossegue até quarta – feira (13.07),com eventos temáticos. Nessa terça – feira (12.07) a pauta será sobre o Setor de Logística Marítima, na sede do Porto do Itaqui. Já na quarta-feira (13.07) haverá uma palestra sobre o setor de Logística Ferroviária, na sede da FIEMA.

Sobre a Nova Rota da Seda da China e a importância do Maranhão

Desde 2013, a China executa o Plano Belt & Road Initiatives (BRI), uma proposta de cooperação internacional, com objetivo de instituir um gigantesco programa mundial de investimentos, envolvendo países de todos os continentes, que compõem cerca de um terço da economia mundial.

De acordo com pesquisa da Universidade de Fudan (Xangai-China), a Nova Rota da Seda já investiu 59,5 bilhões de dólares, ou seja, cerca de 315 bilhões de reais, em 2021, na infraestrutura de países. O plano de investimento chinês, engloba 65 países, compreendendo aproximadamente 62% da população e 30% do PIB global.

São Luís do Maranhão foi apontada no estudo “Strategic locations for logistics distributions centers along the Belt & Road”, de 2022, elaborado pelos mais renomados especialistas do mundo. A capital maranhense possui extraordinárias condições para receber tal projeto pelas conexões rodoviárias, ferroviárias e condições portuárias excepcionais.

A ligação feita pela Ferrovia Norte-Sul, eixo principal do transporte de cargas do Brasil, interligando malhas ferroviárias das cinco regiões do país, é um exemplo. Na região chamada de Arco Norte, ou seja, acima do paralelo 16, nenhum estado possui condições similares de logística de transporte.

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