Comandos dos Corpos de Bombeiros Militares dos nove estados que integram a Amazônia Legal definiram a criação da Força Operacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais. O grupamento interestadual atuará, de forma especializada, nas ocorrências de incêndios na região amazônica. A decisão foi oficializada em reunião durante a Laad Security 2016, feira internacional de segurança realizada no Rio de Janeiro, na última semana.
O Maranhão, o Mato Grosso e os sete estados da região Norte firmaram termo de cooperação técnica para atuarem coletivamente no combate às queimadas na Amazônia Legal. Pelo acordo, os nove estados vão unir forças administrativas e operacionais para preservar a região e evitar a destruição de um dos biomas mais importantes do planeta.
“O bioma perpassa as fronteiras de autonomia dos estados. O que estamos tratando é de um bem maior, que é a preservação da própria espécie humana, a partir desse cuidado com a Amazônia”, aponta o comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), coronel Célio Roberto Araújo. A Amazônia possui 7% de toda a área terrestre e nela há metade de toda a biodiversidade mundial, funcionando como um instrumento natural de regulação do clima mundial.
A proposta é ter disponível um batalhão interestadual para pronto emprego, capaz de ser demandado a partir de uma emergência e com mobilização em curto tempo. O planejamento prevê, a priori, uma qualificação na área com combatentes de todos os estados. O estado do Acre sediará o curso, com carga horária entre 45 e 60 horas, com início ainda no primeiro semestre.
“Este é um trabalho pioneiro. Temos um conjunto de medidas complexas que precisam iniciar e o ponto de partida é a qualificação. O importante, nesta primeira fase, é estarmos prontos para combater qualquer tipo de incêndio, seja ele provocado, criminoso ou de origem natural”, disse o comandante do CBMMA.
Cada estado vai fornecer um efetivo mínimo a ser qualificado; o Maranhão, por exemplo, pretende encaminhar até 50 bombeiros para o Curso de Combate a Incêndios Florestais. Um edital com especificações será aberto para a seleção – que abrangerá Teste de Aptidão Física (TAF) – entre outros critérios. “A qualificação vai atender uma diretriz única que possibilite que um bombeiro que é do Maranhão combate um incêndio no Acre e vice-versa. Eles terão essa visão do todo”, explica o coronel Célio Roberto Araújo.
Ranking
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), no ano passado, o número de queimadas no Brasil aumentou em 27,5%. Ao todo, o país teve quase 235 mil incêndios em 2015 contra 184 mil no ano anterior. Os três primeiros estados do ranking brasileiro com maior índice de queimadas fazem parte da Amazônia Legal: Pará (44.774 registros), Mato Grosso (32.984 registros) e Maranhão (30.096 registros), respectivamente.
No Acre, em Rondônia e Roraima, as queimadas já começam em junho. No Maranhão, há maior incidência nos meses de agosto, setembro e outubro. “Durante o curso já começa o período das queimadas. Então, os conhecimentos já serão executados na prática”, conta o comandante do CBMMA.
Segundo o coronel Célio Roberto, os estados mais populosos da região amazônica são campeões de queimadas, porque, além de serem alvo de fenômenos naturais, são vítimas frequentes de incêndios provocados e criminosos, quando se desmatando para construir residências, em busca de ampliação do espaço urbano.
A Força Operacional poderá ainda trabalhar como agente da Defesa Civil, inclusive na identificação de práticas incorretas e no desenvolvimento de medidas preventivas. “Somos também responsáveis por ações de Defesa Civil, começamos a ampliar o leque. Em uma próxima fase, ao constatar incêndios criminosos, daremos os encaminhamentos à polícia ou à Polícia Federal, em casos de crimes em áreas federais”, disse.
Além do trabalho preliminar já delineado, as corporações que integram o grupamento pretendem desenvolver mecanismos de prevenção. No Maranhão, ações preventivas já terão início ao final do período chuvoso, com a preparação de aldeias e comunidades no interior do estado. “Aqui mesmo, passando essa quadra chuvosa, vamos iniciar a formação das brigadas nas aldeias. Vamos treiná-los, para que até nas queimadas para fins agrícolas, tenham cautela necessária e conhecimento correto sobre horários mais seguros”, afirmou o coronel Célio Roberto.
Reserva Arariboia
No ano passado, o Corpo de Bombeiros do Maranhão combateu um incêndio de grandes proporções na Reserva Arariboia, na região central do Maranhão. O Governo do Estado decretou situação de emergência em onze terras da reserva indígena. Durante 49 dias, 124 homens trabalharam para impedir alastramento do fogo e reduzir os impactos negativos às comunidades indígenas e à vegetação local.

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