Terra sem males para os tupinambás, eldorado dos piratas e colonos, acrópole anacrônica de escritores e literatos, reino vodum para os que buscam encantamento. São Luís é cidade e é ilha. E como toda ilha, é paraíso imaginado. Mais do que qualquer outra cidade, São Luís revela a cada detalhe, a cada mudança, por mais furtiva, que é o resultado do desejo dos homens. Homens que usaram engenho e a arte para moldar a ilha à imagem e semelhança de suas ideias. Construíram a cidade colonial planejada segundo as normas e fins da Monarquia e da Igreja, mas não sufocaram o misticismo e a sensualidade do barroco. Texto e imagens de Ricardo Fonseca.
São Luís - história Urbana
Terra sem males para os tupinambás, eldorado dos piratas e colonos, acrópole anacrônica de escritores e literatos, reino vodum para os que buscam encantamento. São Luís é cidade e é ilha. E como toda ilha , é paraíso imaginado. Mais do que qualquer outra cidade, São Luís revela a cada detalhe, a cada mudança, por mais furtiva, que é o resultado do desejo dos homens. Homens que usaram engenho e a arte para moldar a ilha à imagem e semelhança de suas ideias . Construíram a cidade colonial planejada segundo as normas e fins da Monarquia e da Igreja, mas não sufocaram o misticismo e a sensualidade do barroco. Capital do Estado do Maranhão e Grão-Pará, independente do Estado do Brasil.
Construíram uma das maiores cidades do Império e, não satisfeitos , abriram avenidas e remodelaram prédios para ter uma cidade republicana saudável e bela. Para acomodar os homens e as mercadorias da indústria, construíram outra cidade, moderna e veloz, para além das pontes.
Hoje, vive uma cidade dentro da outra: a metrópole traçada segundo princípios funcionais abraça, em anéis viários, a colônia fundada sob leis justas e consagradas e ambas contemplam o seu reverso, os subúrbios sem limites da jamaica brasileira. Na ilha, entre praias, mangues e muralhas, a cidade de alumínio convive com a serpente lendária que habita suas galerias subterrâneas.
São Luís é a cidade insular que faz de cada ludovicense um construtor de portos e pontes. Sabe receber e encantar, mas convive com a diáspora dos filhos que buscam os caminhos firmes do continente. Para os que vão e os que ficam resta uma foto, um casarão, as escadarias e esquinas da cidade que sabe esperar sem esquecer.
Trecho do livro “São Luís – Ilha do Maranhão e Alcântara”, Guia de Arquitetura e Paisagem.* Obra produzida pela Junta de Andalucía, Embaixada de España, Fundação Municipal de Patrimônio Histórico - FUMPH e Instituto Histórico e Paisagístico Nacional - IPHAN e editado em 2008.
São Luís tem muito mais do que os encantos dos ritmos musicais e recantos paisagísticos culturais. Tem a nostalgia da “Athenas Brasileira”, pela erudição inata de seus filhos, herdada de seus ancestrais ilustres.Como falar de São Luís sem lembrar de Aluísio e Arthur Azevedo, de Bandeira Tribuzi, Carlos Cunha, Sotero dos Reis. E como não falar de Ferreira Gullar,Josué Montello, Maria Firmina dos Reis e José Louzeiro?
Não há como separar os nobres escritores, pintores, poetas e músicos, de suas fontes inspiradoras. De Joãosinho Trinta e sua revolução visceral no Carnaval brasileiro, à Nauro Machado e suas poesias tão ricas, pujantes e profundas, que só com o “Pai dos burros” , hemos de compreender. De Catulo da Paixão Cearense à Dilu Melo, todos deixaram muita saudade. Mas temos Alcione, Zeca Baleiro,Turíbio Santos, Tutuca, Rita Benneditto, Phil Veras e muito mais…
Cenário de grandes encontros e desencontros em ladeiras de paralelepípedos e casarões, onde se fala o melhor português do País, a “ Cidade dos Azulejos”, tinha de ser reconhecida como a eterna “Ilha dos Amores” e dos boêmios. Ah, que o diga os bancos das praças, os muros detrás das igrejas e as mesas de bar…
É verdade, não tem quem não se apaixone por tudo o que tem aqui nessa “Cidade Patrimônio da Humanidade.”
Até o “filé de pescada à La Ravardiére com arroz de Cuxá”, do Armazén do Chef, é de encantar ao mais rigoroso paladar, de quem for por lá…
Tudo em São Luís tem gosto de quero mais. Porque “se tu não quer, tem quem queira, se tu não quer, tem quem queira…”, como na velha canção do saudoso Antonio Vieira. veja aqui:
Viva os 404 anos dessa cidade única, fundada pelos franceses, e que até hoje, guarda momentos inesquecíveis da nossa história.
Ricardo Fonseca - Poeta, Artista Plástico, Compositor, Videomaker, Design Gráfico, Fotógrafo, Editor do Blog, Colunista do Brasil 247 e eterno namorado dessa cidade.
“Comemorar o aniversário da cidade de São Luís é motivo de orgulho e felicidade para os maranhenses e os brasileiros. Afinal, não é sempre que uma cidade que se tornou “Patrimônio Cultural da Humanidade” por sua riqueza arquitetônica, história e cultura chega a mais de quatro séculos de existência mantendo a mesma jovialidade pulsante nos seus casarões e escadarias. É tanta beleza que só faz aflorar cada vez mais em sua gente sentimentos de felicidade, amor e confiança em um futuro ainda melhor.
Parabéns, bela São Luís, pelos teus 404 anos!”
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