![]() |
Promotora de Justiça Lítia Cavalcante |
O Ministério Público Estadual (MPE) remeteu, na
sexta-feira(16),o Inquérito Civil nº 2/2013 da Promotoria de Justiça de Defesa
do Consumidor, que apura irregularidades no plano de saúde Unimed São Luís, ao
Ministério Público Federal (MPF). A decisão foi motivada pela participação da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nas práticas que lesaram os
consumidores, cabendo o julgamento à Justiça Federal.
A ANS instaurou regime especial de Direção
Fiscal na Unimed São Luís, em março de 2010, ao constatar que a operadora não
enviava à agência o Documento de Informações Periódicas das Operadoras de Planos
de Assistência à Saúde (Diops) com as informações cadastrais e financeiras.
Assim, a fiscalização e o acompanhamento da situação econômico-financeira e a
manutenção dos dados cadastrais foi prejudicada.
Além disso, a agência descobriu que em 2007
havia um déficit financeiro de R$ 3,3 milhões e dívidas de R$ 2,6 milhões. Os
indicadores de liquidez e endividamento demonstravam o comprometimento no
capital da cooperativa em R$ 12,9 milhões. Mesmo assim, nenhuma medida foi
adotada pela operadora de saúde para tentar sanear as dívidas.
A promotora de justiça Lítia Cavalcanti explica
que, diante de tantas irregularidades comprovadas, a Diretoria Colegiada da ANS
instaurou novo Regime Especial de Direção Fiscal em 2011. “O mais estarrecedor é
o fato de a Agência Nacional de Saúde divulgar, em seu site, uma avaliação dos
planos e afirmar que a Unimed São Luís recuperou sua situação assistencial e
garantiu a melhora no atendimento”. A informação foi divulgada sob o título
“Avaliação das operadoras no primeiro período de 2013”.
A titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa
do Consumidor questiona a divulgação da ANS, afirmando ao consumidor que a
cooperativa está em recuperação, quando efetivamente, a mesma está em situação
precária. “Com esta contradição dita por escrito e divulgada por meio oficial, a
ANS se coloca em total descrédito perante os usuários de planos de saúde”.
Ela afirma, ainda, que apesar de a Unimed
encontrar-se sob Regime Especial de Direção Fiscal nos anos de 2010, 2011 e
2012, a ANS não adotou nenhuma providência diante das ilegalidades. No período,
a UPC, Hospital Português, Hospital São Domingos e Centro Médico suspenderam o
atendimento aos usuários do plano.
Segundo as planilhas apresentadas pelo Hospital
São Domingos ao Ministério Público, a dívida contraída pela Unimed São Luís é de
R$ 10.418 milhões. Somados os valores declarados como débitos da operadora, em
2012, chega-se a um valor de RS 23 milhões, sem incluir os débitos com os demais
hospitais que também se descredenciaram por falta de pagamento. Também há
laboratórios, clínicas e médicos que não receberam os valores.
“O cenário de hoje era perfeitamente
previsível, como consequência da situação extremamente difícil da cooperativa.
No entanto, poderia ter sido evitado caso a ANS tivesse tomado as providências
que lhe são conferidas por lei. Ao se omitir, a agência reguladora gerou o
quadro de desespero e pânico instalado em São Luís”, afirma Lítia
Cavalcanti.
Cavalcanti contesta a ausência de sanções e o
fato de a Unimed estar livre para firmar novos contratos. “Além de tudo, a
operadora mantém publicidade agressiva nos meios de comunicação, induzindo o
consumidor a erro, pois tem pleno conhecimento de sua incapacidade de receber
novas adesões e manter a prestação dos serviços dos usuários já contratados”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário