quinta-feira, 26 de junho de 2014

No terreiro da Maria faltou os Tambores de Crioula do Maranhão em 2014

Se devemos considerar que a FUNC avançou quando se propôs a elaborar sua programação de São João por meio de edital que selecionou as brincadeiras juninas, o mesmo não aconteceu com a distribuição dos 30 grupos de tambor de crioula na grade de programação do arraial da Maria Aragão em 2014. Se em anos anteriores se via pelo menos um tambor de crioula por noite e no dia nacional do tambor de crioula vários grupos na praça, este ano para nossa surpresa apenas alguns grupos compuseram a programa cultural do evento batizado de Terreiro da Maria. O mais contraditório é um terreiro sem tambor de crioula, mas já não sabemos o que se passa pela cabeça dos nossos atuais produtores culturais. E claro para quem acha que talvez isso não seja nada, vejamos o seguinte: muitos grupos de tambor de crioula tem as vezes a oportunidade única de mostrar o seu trabalho exatamente no São João que acontece apenas uma vez no ano. A concorrência frente a outras brincadeiras chega a ser desleal, enquanto vemos por exemplo a ascensão cada vez mais de grupos alternativos, os grupos tradicionais tanto de tambor de crioula como de boi de zabumba dependem em muito das ações do poder público já que não possuem um poder midiático e muito menos estão atrelados aos grandes padrinhos políticos coronéis da produção cultural no Maranhão. Não manter pelo menos 15 grupos na grade oficial de apresentação na Maria Aragão foi um ato de desrespeito de quem não conhece a cultura popular e o pior desconsidera que hoje o tambor de crioula é patrimônio imaterial do Brasil. Neste sentido, fazemos um pedido ao atual presidente da FUNC que reveja em sua equipe que está a fazer isso com o tambor de crioula. Caso isso continue a acontecer teremos sérios problemas em dialogar com o poder público municipal, nós não acreditamos que as mudanças venham exatamente acontecer para prejudicar os segmentos da cultura popular historicamente excluídos como o tambor de crioula. Por tudo isso, torno público aqui a minha indignação como a falta de transparência e diálogo da FUNC com o comitê gestor de salva guarda do Tambor de Crioula que este ano em momento nenhum foi chamado para dialogar e contribuir já que possui experiência, talvez assim poderíamos evitar mais este desgaste que gera na mente de muitos e muitos tambozeiros a imagem de que está em execução mais uma forma de exclusão cultural e social, afinal também temos o direito de participar da festança municipal no Terreiro da Maria Aragão. Neste sentido alertamos: Acorda Chico Gonçalves ! Acorda Prefeito! Respeitem o Tambor de Crioula do Maranhão! Respeitem a Cultura Popular!
José Antonio Pinheiro Junior (Catatau)
Tambozeiro, musico, coreiro e boiero
Professor do IFMA
Mestrando em Cultura e Sociedade na UFMA
Membro da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura do Brasil
Membro do Comitê de Salva Guarda do Tambor de Crioula do Maranhão

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