Ato em São Luís marcou assinatura do Projeto de Lei que concede pensão especial ao líder camponês Manoel da Conceição, vítima da ditadura militar
O governador Flávio Dino assinou no sábado (30), Projeto de Lei que concede pensão especial ao líder camponês Manoel da Conceição, sindicalista que foi torturado, preso e exilado pela ditadura militar. O ato foi marcado por homenagens a maranhenses que tiverem direitos violados pelo autoritarismo do regime militar. O golpe militar foi dado no dia 1ª de abril de 1964, e durou até 1985.
“Aqui no Maranhão não se comemora a ditadura e nem se celebra a memória de nenhum ditador”, disse o governador. Segundo nota divulgada pela assessoria de comunicação do governo maranhense, a ideia do Projeto de Lei é garantir reparações a Manoel da Conceição, que foi uma das vítimas das graves violações de direitos humanos deixados por governos autoritários.
Já o deputado federal Márcio Jerry comentou o fato do presidente Jair Bolsonaro (PSL) pedir para os militares comemorarem o golpe. “No início dos anos 1980, com 17, 18 anos, eu estava atuando no movimento estudantil secundarista, e nós clamávamos pela volta da democracia, pelo fim da Ditadura. Quem ama a Pátria não comemora violência contra ela. Ditadura não se comemora”, afirmou.
Sobre Manoel, Márcio Jerry parabenizou o governo do estado pela reparação histórica. “Manoel da Conceição, o revolucionário do verbo amar! Muitas histórias o fazem de fato um maioral de nossa Pátria Brasil. Parabenizo o governador pela justa e merecida homenagem e reconhecimento. Viva Mané!”
Manoel da Conceição se emocionou com a homenagem. “Estou agradecendo isso de coração, isso que vocês estão fazendo de bom para todos nós. Vamos em frente”, disse o líder camponês.
Para simbolizar as vítimas da ditadura, o governador do Maranhão colocou flores nos bustos de Maria Aragão e Bandeira Tribuzi. O advogado Mário Macieira, neto de Maria Aragão, agradeceu pelo ato simbólico em referência à trajetória de luta da sua avó. “Quero fazer um agradecimento todo especial ao governador Flávio Dino, camarada que marca, nesse período triste da nossa história, um contraponto aos aspirantes de ditadores. Não voltaremos a viver aqueles anos tristes que vitimaram tantas pessoas”.
Bandeira Tribuzzi foi representado por sua neta, Gabriela Campos, que recordou que sua mãe nasceu prematura porque a esposa do poeta foi vítima de violência durante a ditadura. “É uma homenagem justa. Eu só tenho que agradecer ao governador, em um momento como esse em que políticos comemoram o aniversário da ditadura”.
Em seu discurso, Flávio Dino ressaltou que a homenagem é também um “ato educativo”, para que outros episódios lamentáveis não se repitam na história brasileira. “Para que toda a sociedade brasileira, especialmente a maranhense, tenha em primeiro lugar o apreço, o respeito, a defesa da democracia e da Constituição como valores permanentes para que a gente possa viver em uma sociedade boa, uma sociedade digna e decente para todos”, completou o governador.