quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Presidente da UNE afirma que Bolsonaro é inimigo da educação



Ao participar da manifestação convocada pelas entidades estudantis, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, criticou os ataques de Jair Bolsonaro às universidades e à ciência.
Foto: Karla Boughoff Iago Montalvão (ao centro) homenageia Fernando Santa Cruz, cuja memória foi desrespeitada por Bolsonaro
Segundo o líder estudantil, o governo escolheu a educação como inimiga. “A educação possibilita o pensamento crítico. Governos autoritários não suportam uma população crítica. Atacam a universidade para destruir, também a ciência”, disse, enaltecendo o processo de resistência no terceiro “tsunami da educação”.

Repetindo as manifestações de 15 e 30 de maio, a juventude rechaça os cortes no orçamento da educação, determinados pelo ministro Abraham Weintraub, e o projeto Future-se, que condiciona o financiamento das universidades públicas ao interesse empresarial. “Esse projeto não foi debatido. Nem os reitores sabiam sobre ele. Parte de um vício de método. No fundo, significa uma desresponsabilização do Estado de financiar a universidade pública. Querem aumentar o financiamento privado, para tornar a universidade dependente das empresas”, criticou Iago.

O Future-se foi recebido como um caminho para a privatização do ensino. Entre outras coisas, a proposta liquida a autonomia universitária, coloca a existência de muitos cursos em risco, permite que os empresários selecionem o que querem apoiar e deduzam os valores dos impostos. Além disso, esse investimento não será feito diretamente na universidade, mas em um fundo de investimentos gerido por uma organização social (OS) privada.

Cortes

Em março, Bolsonaro e Weintraub determinaram o congelamento de R$ 5,8 bilhões do orçamento da educação. No mês seguinte, o Ministério da Educação (MEC) bloqueou R$ 1,7 bilhão dos orçamentos próprios das universidades federais, o que afetou o pagamento de contas de água e luz, funcionários terceirizados, obras, equipamentos, bolsas e pesquisas. Apesar de não suspender salários, a medida inviabiliza o funcionamento das instituições. No dia 30 de julho foram congelados mais R$ 348 milhões, destinados a livros didáticos. E no último dia 6, projeto de Bolsonaro encaminhado ao Congresso “remaneja” mais R$ 3 bilhões dos ministérios, sendo um terço disso das universidades.

A consequência direta dessas medidas já é sentida por professores e estudantes. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) teve 6 mil bolsas de pesquisas suspensas. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) passou a fechar mais cedo para economizar água e energia e a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pode parar algumas atividades em breve.

Independência do Brasil 

Ele disse que no dia 7 de setembro uma nova ação de estudantes e trabalhadores deve balançar o governo Bolsonaro. “Aproveitaremos o dia para pedir a independência do país deste governo”, disse, em referência à data em que é comemorada a Independência do Brasil.

“Estamos nas ruas para defender a educação e também a democracia brasileira, o meio ambiente, que têm sido tão atacados por este governo”, disse Iago. “Sobretudo, exigimos a devolução do dinheiro que foi cortado por este governo na educação. Preferem transferir dinheiro da educação para parlamentares aprovarem a reforma da Previdência do que investir nas nossas universidades e escolas. Viemos nos contrapor a isso e dizer que é preciso investir, é preciso devolver o dinheiro da educação brasileira”, completou.

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