sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Proposta por Ricardo Diniz, audiência na Câmara debate sobre políticas públicas para fibromiálgicos da capital

Na manhã desta quinta-feira, 10, foi realizada, na Câmara Municipal de São Luís, uma audiência pública para debater sobre as políticas públicas voltadas aos portadores da Fibromialgia. O evento foi presidido pelo vereador Ricardo Diniz (PRTB), autor da proposição, e contou com a participação de autoridades, além de especialistas sobre o assunto e adeptos à causa.
Na oportunidade, estiveram presentes: os vereadores Aldir Júnior, Miguel Ângelo e Marquinhos; a coordenadora da Associação Brasileira dos Fibromiálgicos (Abrafibro) no Maranhão, Simone Eli Bombardi; o secretário Municipal Extraordinário de Relações Parlamentares, Raimundo Nonato Silva Júnior; a representante da Secretaria da Saúde do Estado, Maylam Ribeiro Avelar; a representante e enfermeira-chefe do Serviço de Dor do Hospital Universitário, Luíza Mualem; a fisioterapeuta, Anolásia Pires do Nascimento; a nutricionista, Andréia Costa Caudas, entre outros.
A partir da introdução da Constituição Federal de 1988, de todas as normas previstas na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, o conceito de pessoa com deficiência foi ampliado, abrangendo não apenas as condições previstas no artigo V, decreto 5.296, de 2004, como também o impedimento, a longo prazo, de natureza física, mental, intelectual e sensorial, que possa obstruir a participação da pessoa na sociedade, em igualdade de condições para os demais.
Segundo o vereador Ricardo Diniz, essa proposição é aberta, permitindo aos fibromiálgicos enquadrarem-se como portadores de deficiência, pela situação incurável da doença. “A luta pelo reconhecimento dos direitos, como o atendimento preferencial obrigatório e as vagas de estacionamento privativo, não resolvem imediatamente o problema, mas são os primeiros passos para a garantia da dignidade humana e da vivência social igualitária”, argumenta.
De acordo com Luíza Mualem, o hospital universitário enfrenta uma crise de equipamentos e remédios, devido à falta de investimento em infraestrutura. Durante o debate, ela comentou que a Casa da Dor – um dos serviços oferecidos pelo hospital, para absorver os pacientes que sofrem de dor crônica – possui um déficit profissional, contando somente com 2 médicos, anestesistas e especialistas em dor, além de 2 enfermeiras, uma no âmbito público e outra no privado, responsáveis pelo atendimento de mais de 1000 pessoas, o que, por sua vez, resulta em uma lista de espera quilométrica.
Na visão de Anolásia Pires, a inserção social do doente perpassa por diversas limitações, visto que, muitas vezes, o mesmo também suporta a fadiga, a ansiedade, o estresse, a baixa autoestima e demais sintomas, os quais, junto ao desconhecimento acerca dos cuidados e do tratamento necessário à fibromialgia, podem acarretar o surgimento da depressão. Para a fisioterapeuta, a prática de atividades relaxantes é fundamental para a diminuição dos níveis de estresse, a exemplo da fisioterapia, pois, além de melhorar o condicionamento físico, também oferece um acompanhamento especializado.
“Nós precisamos buscar soluções para as dificuldades enfrentadas pelos fibromiálgicos da cidade, a fim de expor o conceito e as razões da doença. Embora desconhecida, a Fibromialgia atinge muita gente. Necessitamos de uma legislação específica, capaz de garantir os direitos daqueles que sofrem, diariamente, com essa enfermidade. Como essas pessoas trabalham? Como estudam? Como cumprem suas tarefas no dia-a-dia? Ouvi depoimentos impactantes, a exemplo de uma senhora que aplicava morfina em seu organismo de 3 em 3 horas, no intuito de que a dor fosse embora. Infelizmente, essa é a realidade de milhões de pessoas. Vamos verificar a situação dos hospitais, que devem suprir as demandas exigidas no tratamento da doença. A fibromialgia não é fatal, mas restringe severamente a existência humana. Essa luta é nossa, sozinho ninguém chega a lugar nenhum. Contem comigo sempre!”, afirmou o vereador Ricardo Diniz.
Patologia
A fibromialgia é uma doença crônica, incurável, manifestada pela dor generalizada e sensibilizada em vários pontos do corpo, especialmente nos tendões e nas articulações, embora não promova deformações físicas. A cada 10 pacientes, 7 a 9 são mulheres. A patologia relaciona-se com o funcionamento do sistema nervoso central – campo de estudo da medicina reumatológica – podendo associar-se com outras enfermidades, o que confunde o diagnóstico. Embora seja uma síndrome muito comum, que atinge, anualmente, mais de 2 milhões de pessoas, a doença é desconhecida por boa parte da população. Sua causa específica ainda é indeterminada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário