domingo, 24 de maio de 2020

Poema : A luz do silêncio e da solidão

Apaguem as luzes, apaguem já!
Não há mais substâncias, só há o efêmero. 
E o efêmero é a outra face do disfarce.
Recluso na limitação deste espaço,
Busco estender , ao máximo, a amplitude de sua vastidão.

Agora, no mais plácido silêncio, 
Ouso o grito de socorro.
Grito! Grito! Acordem dessa lacuna
Gigantesca, abissal, do corte atávico e 
Teimoso em suplantar História e Vivência!
Insisto. Busco lembranças. Sozinho,
Consigo rememorá-las.

Amo a solidão. Recolhimento necessário, sou escafandrista, dela tenho sede.
Mas digo não à porta fechada, com a chave por dentro.
Digo não à luz apagada que deseja o escuro.
Embora eu cerre os olhos para ver melhor o que a “claridão” cega do presente insiste em não enxergar.

Por isso, carrego comigo alguns momentos vividos.
Sinto lembrança de muitos que nunca vivi, mas tenho deles imensa saudade.

Por isso, projeto a infinitude de certos momentos.
E elevo instantes à condição de eternidade.

Autor: Arnaldo Gomes.

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