quarta-feira, 31 de março de 2021

Batista Matos: um homem cordial

 

Difícil falar de um amigo que partiu. Mais difícil ainda é não poder dizer adeus, nesse ambiente de silêncio lúgubre, árido, que toma de assalto a nossa sala, a nossa vida. Poderia não dizer nada, não escrever uma única linha, porque os mortos estão se repetindo. Mas não hoje.

Não sabemos quem morrerá amanhã. E agora estamos aqui acuados no choro mais íntimo por uma pandemia perversa que não escolhe cara, e também pelo vírus da insensatez, que cega, obstrui caminhos, despreza a ciência e mata em hospitais amontoados de gente.

Perdemos um homem bom, de alma imensa, que passou por essa vida tão curta pra semear generosidade. É difícil aceitar, entender. A humanidade ficou menor sem o Batista Matos. A esta hora exatamente seus amigos todos – e mesmo aqueles que o conheciam à distância, talvez por ouvir falar de suas virtudes - estamos bem menores.

Iniciamos nossa amizade nas jornadas do jornalismo, há mais de 20 anos, e desde então jamais perdemos a sintonia, o afeto e o respeito mútuos. Estávamos sempre por perto, na comunicação, nas incontáveis peladas de futebol, na política e na vida cultural da cidade. Em todos os quadrantes por onde andou, Batista Matos nunca perdeu a ternura. Carregava consigo sempre um sorriso largo, a humildade e o seu farto ofertório de paz e fé. 

Perdemos um homem cordial. Batista Matos foi um cara valente que lutou com todas as forças para vencer um câncer. E conseguiu, com sua crença obstinada! Voltou à tona e foi à luta novamente. Era um homem refeito, feliz com sua família, sua vida. Hoje tombou, mas não sem lutar com a mesma bravura de sempre!  

Ficamos bem menores com o coronavírus. Somos bem menos agora sem a gentileza estupenda de Batista Matos. Restará a história que ele mesmo escreveu, apesar de tão breve. Não sei quando isso chegará ao fim. Sei apenas que o fim, com a ignorância e o ódio que assombram uma nação, parece todo dia.   

(Félix Alberto Lima)

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