Não há dúvidas que o sentimento geral da população quanto a CPI da COVID-19 não é outro senão mais uma pizza bem feita, ou seja, muito holofote e para pouco resultado. Contudo, se depender da participação da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) o desfecho pode muito bem ser outro.
A magistral participação da senadora ocorreu ao interrogar o atual ministro da Saúde, o médico cardiologista Marcelo Queiroga. Na ocasião, a senadora, com uma postura muito assertiva, fuzilou o ministro deixando-o visivelmente irritado e desconfortável. Percebendo-se acuado, o ministro tentou manter a compostura desviando-se das incisivas perguntas recorrendo ao desgastado chavão “não comento juízo de valor”. Ocorre que para cada três perguntas entendidas como “juízos de valor”, a senadora inseriu perguntas de caráter objetivo, o qual o ministro, de tão atordoado não percebeu que estava incorrendo em contradição, isto é, negando o próprio patrão.
A estratégia foi magistral, distraiu o inimigo com perguntas gerais e aparentemente sem sentido e, entre umas e outras, arrancou confissões tenebrosas, tais como : “as declarações do presidente em relação a China em nada interferem no acesso ao imunizante”, sem perceber o ministro chamou o patrão de bravateiro e fanfarrão. Também confessou o ministro que, quando o assunto é informações relevantes sobre a indústria farmacêutica, a ignorância é sua marca maior. Pior, sem perceber, o senador defendeu a vacinação, a compra de vacina da China e a total dependência do Brasil em relação ao imunizante. Olhando por essa ótica, mais feliz foi o discípulo Pedro, que negou Cristo apenas três vezes, ao passo que o Queiroga negou o patrão todas as vezes.
Para quem entende de lógica, o processo é simples, quando há uma contradição alguém está mentindo. As perguntas da senadora deixou claro e explícito que há um mentiroso nessa história toda, ou o patrão ou o subordinado, façam suas apostas!
Com um semblante tranquilo e inabalável, típico de quem não vacila na fé, a senadora expulsou muitos demônios do ministro, os quais nem ele mesmo sabia que possuía, a título de exemplo, sua desaprovação ao patrão e seu desconforto com a batata quente em que foi transformado o Ministério da Saúde. Como se não bastasse, a atuação da senadora foi a única que deixou o ministro visivelmente irritado e muito desconfortável, claro sinal que algo de muito errado havia na aparente e pouco convincente tranquilidade do ministro. Na realidade, a saraivada de perguntas contundentes e objetivas da senadora, muito contribuiu para trazer a tona o lobo travestido em pele de cordeiro
A magistral atuação da senadora deixou a todos com gosto de “vale a pena ver de novo”. Para tanto, é aguardar os próximos depoentes. Para aqueles que gostam de carnificina ou sessões de exorcismo, é só acompanhar com muita atenção a participação da senadora no provável depoimento do general Pazuello e do ministro Heleno.
Por tudo isso, as confissões obtidas pela senadora, além de revelar uma posição imparcial, porém comprometida com a altura do cargo que ocupa, constituem um presente dos deuses para o relator da CPI, o senador Renan Calheiros.
Sem dúvida alguma, a participação da senadora é de honrar o Maranhão. Ainda assim, tem gente que cita a desacreditada Roseana Sarney como um exemplo de senadora. Pensando bem, negacionismo e falta de preparo são fatos da história do Maranhão muito antes disso virar moda em Brasília.
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