segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Sálvio Dino destaca importância histórica das obras raras que compõem o Memorial do Legislativo


Emoção marcou o tom da palestra do jornalista, advogado, escritor, ex-deputado estadual e membro das Academias Maranhense, Imperatrizense e Grajauense de Letras, Sálvio Dino, na tarde desta segunda-feira (25), no plenário Nagib Haickel, como parte da solenidade em homenagem aos 184 anos de instalação da Assembleia Legislativa.

O pai do governador Flávio Dino (PC do B) discorreu sobre o tema “184 anos do Poder Legislativo e a importância histórica das obras raras encontradas no Parlamento”.

Sálvio Dino destacou a importância histórica dos 13 livros raros que compõem o Projeto “Memorial do Legislativo Maranhense”. As obras foram encontradas durante o processo de restauração de documentos manuscritos e impressos do Legislativo Estadual, iniciado em fevereiro do ano passado.

Ele fez um verdadeiro mergulho na história política nacional e local, para traçar um contraponto às comemorações dos 184 anos do Legislativo do Maranhão. Dentre os fatos narrados, ele lembrou que teve seu mandato de deputado estadual cassado em 1964, acusado de ser militante comunista.

“Lembro-me como se fosse hoje. Militares sob o comando de um coronel do Exército, foram até a Assembleia e anunciaram que eu estava cassado. Passei 40 dias preso no quartel do 24º BC, em São Luis, juntamente com os saudosos jornalistas Bandeira Tribuzzi e Vera Cruz Marques”. Era muito jovem e, naquela época sequer tinha aprofundamento sobre a ideologia do comunismo”, ressalta.

O palestrante fez uma analogia na religião para destacar sua emoção por estar ocupando a tribuna do Poder Legislativo maranhense. “A Bíblia Sagrada diz que o filho pródigo sempre volta à casa paterna. Aqui estou eu, voltando à minha casa, cheio de felicidades, sendo muito bem recebido”, acrescenta.

Lembrou, também, ter sido ele autor de uma proposta, na década de 1980, no exercício de seu segundo mandato, para a criação da Biblioteca da Assembleia Legislativa. Afirma que tal biblioteca funcionou ao lado do antigo prédio do Legislativo Estadual, na Rua do Egito. “Era ali que o inglês Lord Cochrane, que comandou a Marinha Imperial Brasileira, organizava grandes festas”, revela.

QUATRO PRESIDENTES MARANHENSES

Sálvio Dino se aprofundou mais ainda na história política, afirmando que pelo menos quatro maranhenses sentaram na cadeira de presidente do Brasil. O primeiro, João Bráulio Muniz, presidiu o País durante a Regência, Urbano Santos, Tasso Fragoso e José Sarney, sendo este o único que exerceu mandato completo, de 1985 a 1990.

Intercalando política, literatura e poesia, fez citações de poemas de Gonçalves Dias, livros de Guimarães Rosa e abordou padre Antonio Vieira. Disse que ele foi o maior orador de todos os tempos da língua portuguesa e lembrou que a Constituição Brasileira de 1835 concedeu plenos poderes aos prefeitos. “Isso teria originado, no Maranhão, a conhecida Revolta popular denominada Balaiada, sob a liderança de Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme”.

ORADORES E MULHERES

Ao final da palestra, Sálvio Dino afirmou que, mesmo aos 87 anos, tem dois projetos para executar: Escrever um livro sobre os grandes tribunos do Maranhão e outro sobre as mulheres maranhenses na vida pública.

“Elas continuam discriminadas e pretendo fazer esse resgate. No Brasil, elas só puderam votar e ser votadas a partir de 1932, quando Getúlio Vargas instituiu o voto feminino. E foi nesse ano que foram eleitas as primeiras mulheres para esta Assembleia, Zuleide Bogéa e Rosa Castro”, acrescentou.

Ao final, falou sobre a larga visão e a sensibilidade do presidente da Assembleia, Othelino Neto, em iniciar o trabalho de resgate do Poder Legislativo do Maranhão. “É uma grande empreitada, presidente e estou à sus disposição, para que possamos mostrar a força das mulheres neste Parlamento e mostrar quem são e quem foram os grandes oradores na política do nosso Estado”.

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