sexta-feira, 24 de abril de 2020

Flávio Dino: “Moro é a prova que faltava contra Bolsonaro”


O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), usou as redes sociais nesta sexta-feira (24) para comentar a demissão do agora ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que anunciou sua saída do governo Bolsonaro em uma coletiva de imprensa pela manhã.

“Moro está para Bolsonaro como o Fiat Elba esteve para Collor. A prova que faltava. Agora não falta mais”, escreveu o governador do Maranhão em suas redes sociais.

A gota d’água na relação entre Moro e Bolsonaro foi a exoneração pelo presidente do chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Moro criticou que, antes de mudar a cúpula, Bolsonaro buscava, com “insistência”, interferir politicamente no comando da PF, sem que “causas aceitáveis” fossem apresentadas.

Flávio Dino, que assim como Moro é ex-juiz federal, explicou, também utilizando suas redes, que “a Polícia Federal é órgão do Poder Executivo, mas exerce a função de polícia judiciária. Ou seja, quanto à atividade-fim, coagir a Polícia Federal sobre investigações criminais impede o livre exercício do Poder Judiciário”.

“Do ponto de vista jurídico, o depoimento de Moro constitui prova de crimes de responsabilidade contra a probidade na Administração, contra o livre exercício dos Poderes e contra direitos individuais. Artigo 85 da Constituição Federal e Lei 1.079/50”, ressaltou o governador do Maranhão, que cravou:

“O depoimento de Moro sobre aparelhamento político da Polícia Federal como base para o ato de exoneração do delegado Valeixo constitui forte prova em um processo de impeachment.”


Moro & Bolsonaro

Ainda usando as redes, Flávio Dino lembrou que Sérgio Moro é aliado de primeira hora do presidente da República.

“Fico impressionado com a ingratidão de Bolsonaro. Ele jamais seria eleito presidente da República sem as ações do então juiz Moro”, ironizou.

Mais cedo, em entrevista exclusiva ao Portal Vermelho, Flávio Dino comentou o que, naquele momento, era a “provável” demissão de Moro – o que logo depois se confirmou.

Dino opinou que Bolsonaro estava tornando a permanência do ministro no cargo insustentável – ou seja, criava situação em que garantia sua demissão, sem assiná-la. Além disso, falou também da transformação do Moro que conheceu quando também era juiz, há muitos anos, no juiz que ficou nacionalmente conhecido por sua atuação Operação Lava Jato.

“O Sérgio Moro que eu conheci era outro. Era um juiz que tinha compromisso com a Constituição e as Leis. Ele se transformou num agente político e usufruiu do ponto de vista pessoal do resultado das eleições de 2018, aceitando o cargo de ministro”, pontuou o governador do Maranhão.

Flávio Dino constatou, ainda, que mais uma vez, as atitudes desmascaram o presidente:

“E se o Moro sair, o Bolsonaro perde um dos supostos motivos que o levaram à presidência da República. A demissão do ministro Mandetta (Saúde) mostrou a negação daquele discurso das nomeações, que era na verdade falso, segundo o qual ele faria um governo ‘técnico’, algo que se mostra apenas fraseologia eleitoral. Agora, a saída do Moro, ou a sua continuidade sem nenhuma força, significa que o suposto compromisso atinente à luta contra a corrupção era também puramente instrumental, para conquistar votos”, disparou, comentando, ainda, que se diz que a mudança em cargos da Polícia Federal, motivo dos atritos com Moro, não é por falta de profissionalismo na PF, mas diria respeito ao desejo do presidente de controlar investigações que poderiam alcançar um de seus filhos.

“Depois da crise do coronavírus, precisamos encontrar saídas institucionais adequadas para o Brasil”, ponderou.

Assista na íntegra:

Assista a entrevista completa:

Nenhum comentário:

Postar um comentário