terça-feira, 11 de setembro de 2012

Uma velha desprezada....


Outrora bela pelas suas paisagens, encantadora pelos seus mistérios e formosa pela sua inteligência chego aos quatrocentos anos da mesma maneira a que chegam a terceira idade a maioria dos nossos idosos, ou seja, com abandono, descaso, pobreza e total dependência do Estado. Contrariando a própria natureza das coisas, alguns filhos insistem em continuar mamando nas tetas desta pobre senhora, agravando ainda mais a sua situação, que não tem a mínima condição biológica, nem moral de proceder desta maneira.

A passagem de qualquer aniversário sempre é um convite a reflexão, quando se trata de quatrocentos anos então, não apenas somos levados a refletir como também a se preocupar, um hábito típico da senilidade que pode até parecer coisa de idoso, mas veja se não tenho razão:

Aos quatrocentos anos, nosso parque arquitetônico parece incomodar, de maneira que é muito mais fácil para alguns deixar a natureza fazer seu papel do que assumirem uma postura responsável para com este patrimônio da humanidade. Nossos artistas, cantores, compositores sobrevivem por meios outros que não a aplicação do seu dom natural, num típico genocídio cultural presente apenas nos regimes fascistas. Nossas avenidas chegaram ao ponto de estrangulamento e não se observa um debate sequer acerca de como resolver tais problemas, nossa falta de educação no transito chega a tal ponto que até as calçadas são usadas para trânsitos de motocicletas, tudo isso às vistas da blitz, cujo critério de autuação parece ser mais político que técnico. Nosso povo aperta-se e chacoalha em ônibus velhos, sujos e inseguros e nunca houve sequer uma discussão acerca de como renovar esta frota.

Nossas praias, não existem mais, pois foram colonizadas com a mesma matéria que constitui a cabeça de nossos governantes. Nosso aeroporto seria muito mais belo caso se resumisse a apenas a pista de pouso e decolagem do que reformado com material de quinta e orçamento de primeira. Nossa rodoviária assemelha-se muito mais a um abrigo do que necessariamente um portal de entrada, o turismo sofre, a renda sofre, auto estima do povo sofre e esta velha quatrocentona sofre, sofre, sofre e sofre calada porque quem a maltrata são os próprios filhos.

Na política, o único projeto que prevalece parece ser o de abandono, uma vez que até o momento, nenhum candidato a prefeito manifestou sequer um plano coerente e factível para a cidade de São Luis, o que se observa são propostas isoladas sem efeito algum sobre nosso futuro, discute-se tempo na escola, mas não se discute o acesso a escola, as condições das famílias pobres nem tampouco de que maneira gerar emprego e renda para uma população que só cresce e cujo nível de escolaridade e produtividade não é dos melhores. Não se discutiu de maneira séria até o momento a questão da mobilidade urbana, da sustentabilidade, da qualificação profissional, da segurança, do resgate cultural, do recrudescimento do turismo.

Ademais, o nível do debate é tão pobre e vazio que até parece que a população ludovicense foi segmentada em quatro estratos: Burros, Bestas, Idiotas e Imbecis.

Que estes quatrocentos anos representem não apenas um símbolo de precária longevidade, mas também uma oportunidade de reflexão acerca da condição desta pobre velha, que pede insistentemente uma prova de amor, pois sempre fui a ilha do amor. Declare seu amor por São Luis, exija responsabilidade e respeito daqueles que tem poder de tratá-la diretamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário