Rico e
diversificado, produzido em fibras e fios naturais, cerâmica, madeira,
palha, renda, bordados, o artesanato maranhense encanta turistas
brasileiros e estrangeiros e se tornou uma fonte de geração de renda
para muitas famílias. Mas, para chegar a esse estágio é necessário aliar
o talento e a criatividade à qualificação cada vez maior que exige a
alta competitividade do mercado. É aí que entra a importância de
conhecer a concepção empresarial do negócio e os princípios fundamentais
de um empreendedor individual. Há mais de uma década, o SEBRAE vem
fomentando a cultura do empreendedorismo entre os artesãos maranhenses,
através do IDAM (Instituto de Desenvolvimento do Artesanato Maranhense).
Criado em 2000 com
a finalidade de valorizar e promover a melhoria da produção artesanal
do estado, o IDAM atua em parceria com a comunidade de artesãos, com o
apoio do SEBRAE e do Governo do Estado. Possui um espaço próprio para a
comercialização dos produtos dos seus mais de 800 associados, o Mercado
das Artes, na Praia Grande. Para a diretora do IDAM, Izaurina Caldas
Barreto, que assumiu a direção do órgão em maio do ano passado, o local é
um equipamento importante para evitar a figura do atravessador que, em
geral, fatura muito mais que o produtor. “Há uma preocupação, também,
com o controle de qualidade e o diferencial do produto”, afirma a
diretora.
Para comemorar a
passagem do Dia do Artesão, nesta terça-feira, 19 de março, o SEBRAE
realizará, hoje, o seminário “Semeando Arte para Colher Renda”. O
evento consiste em um dia inteiro de atividades, como homenagens àqueles
que contribuem para o desenvolvimento da produção artesanal maranhense,
mesa redonda, exposições e a construção coletiva do Plano de Trabalho
2013 do IDAM.
As ações a serem
desenvolvidas integram o eixo de trabalho que o SEBRAE qualifica como
“economia criativa” que abrange, além do artesanato,
produção cultural, audiovisual, representação cênica, obra fotográfica,
obra literária, artes plásticas dentre outros. “Há que se entender essa
atividade – artesanato - não só como produção intelectual ou criativa,
mas também como atividade legitimamente econômica e precisamos dar vida,
cada vez mais fortemente, ao papel civilizador da cultura, que, aliás, é
missão de todos nós: artistas, jornalistas, filósofos, cientistas,
empresários e cidadãos em suas relações interpessoais e profissionais”,
define a diretora superintendente do SEBRAE, Simone Macieira.
Na programação do
evento consta ainda o depoimento de experiências exitosas de artesãos
que, a partir do conhecimento de noções como precificação, do acessoa tecnologias adequadas ao aumento e melhoria da capacidade produtiva
e da inovação como um dos fatores de diferenciação do produto artesanal, disseminadas em oficinas e treinamentos pelo SEBRAE, transformaram a sua produção em uma atividade econômica lucrativa capaz de gerar renda e sustento para a família.
e da inovação como um dos fatores de diferenciação do produto artesanal, disseminadas em oficinas e treinamentos pelo SEBRAE, transformaram a sua produção em uma atividade econômica lucrativa capaz de gerar renda e sustento para a família.
A exemplo de
Isabel Matos, 60 anos, que trocou a profissão de costureira pela de
artesã por um desses acidentes de percurso que a vida reserva. Com
brilho nos olhos, ela diz não ter se arrependido de trocar agulhas,
tesoura e tecidos pelo barro, a matéria-prima de suas obras. As mãos que
antes criavam todo os tipos de roupas passaram a dar forma a
personagens da cultura popular maranhense esculpidas em cerâmica. São
figuras como a coreira do tambor de crioula, o brincante do
bumba-meu-boi, do cacuriá e tipos como o pregoeiro, o lavrador e o
estivador.
A partir de um
curso de modelagem em cerâmica, oferecido pelo SEBRAE, a artesã começou
a valorizar as peças que fazia intuitivamente e descobriu que o ofício
podia ser um negócio lucrativo. Hoje, ela tem obras espalhadas pela
França, Itália e Suécia e já expôs até na Bienal de Arte de Piracicaba
(SP). Venceu por três anos o concurso de presépios promovido pelo
Departamento de Assuntos Culturais – DAC, da Universidade Federal do
Maranhão e virou instrutora do SEBRAE, ministrando oficinas em São Luís e
cidades do interior do estado. “O conhecimento adquirido com os
treinamentos do SEBRAE me deu tudo que conquistei”, conta com indisfarçável entusiasmo.
Outro para quem a
descoberta do empreendedorismo deu um novo rumo na atividade
profissional foi o administrador de empresas Fábio Soeiro, 38 anos.
Ainda estudante universitário ele vendia confecção para pagar a
faculdade. Até o dia em que decidiu criar as próprias peças decorativas
para o apartamento. Eram quadros confeccionados com fibra de buriti, de
vidro, papel alumínio, cabo de vassoura, punho de rede, resíduos de MDF,
que caíram no gosto dos colegas. Com a surpreendente aceitação do
trabalho, partiu para oferecer as peças pelas ruas da vizinhança do
bairro onde morava. Um consultor do SEBRAE o descobriu em das esquinas
da vida e sua vida mudou.
Tudo que produz
hoje é vendido rapidamente e o artesão faz da sua criação a fonte de
renda que sustenta a família. Não perde uma atividade ligada ao
artesanato, pois considera a troca de experiência fundamental para o
crescimento profissional. “O SEBRAE me ajudou a formar uma visão macro
de todos os aspectos do empreendedor, desde a questão da identidade
visual até o acesso ao crédito e capitalização”, diz Soeiro que está
partindo para a sexta exposição individual. Nada mal para quem tem
apenas seis anos de atuação no mercado do artesanato maranhense.
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