terça-feira, 19 de março de 2013

SEBRAE INVESTE NA ECONOMIA CRIATIVA PROMOVENDO O ARTESANATO MARANHENSE


Rico e diversificado, produzido em fibras e fios naturais, cerâmica, madeira, palha, renda, bordados, o artesanato maranhense encanta turistas brasileiros e estrangeiros e se tornou uma fonte de geração de renda para muitas famílias. Mas, para chegar a esse estágio é necessário aliar o talento e a criatividade à qualificação cada vez maior que exige a alta competitividade do mercado. É aí que entra a importância de conhecer a concepção empresarial do negócio e os princípios fundamentais de um empreendedor individual. Há mais de uma década, o SEBRAE vem fomentando a cultura do empreendedorismo entre os artesãos maranhenses, através do IDAM (Instituto de Desenvolvimento do Artesanato Maranhense).
Criado em 2000 com a finalidade de valorizar e promover a melhoria da produção artesanal do estado, o IDAM atua em parceria com a comunidade de artesãos, com o apoio do SEBRAE e do Governo do Estado. Possui um espaço próprio para a comercialização dos produtos dos seus mais de 800 associados, o Mercado das Artes, na Praia Grande. Para a diretora do IDAM, Izaurina Caldas Barreto, que assumiu a direção do órgão em maio do ano passado, o local é um equipamento importante para evitar a figura do atravessador que, em geral, fatura muito mais que o produtor. “Há uma preocupação, também, com o controle de qualidade e o diferencial do produto”, afirma a diretora.   
Para comemorar a passagem do Dia do Artesão, nesta terça-feira, 19 de março, o SEBRAE realizará, hoje, o seminário “Semeando Arte para Colher Renda”.  O evento consiste em um dia inteiro de atividades, como homenagens àqueles que contribuem para o desenvolvimento da produção artesanal maranhense, mesa redonda, exposições e a construção coletiva do Plano de Trabalho 2013 do IDAM.
As ações a serem desenvolvidas integram o eixo de trabalho que o SEBRAE qualifica como “economia criativa” que abrange, além do artesanato, produção cultural, audiovisual, representação cênica, obra fotográfica, obra literária, artes plásticas dentre outros. “Há que se entender essa atividade – artesanato - não só como produção intelectual ou criativa, mas também como atividade legitimamente econômica e precisamos dar vida, cada vez mais fortemente, ao papel civilizador da cultura, que, aliás, é missão de todos nós: artistas, jornalistas, filósofos, cientistas, empresários e cidadãos em suas relações interpessoais e profissionais”, define a diretora superintendente do SEBRAE, Simone Macieira.
Na programação do evento consta ainda o depoimento de experiências exitosas de artesãos que, a partir do conhecimento de noções como precificação, do acessoa tecnologias adequadas ao aumento e melhoria da capacidade produtiva
e da inovação como um dos fatores de diferenciação do produto artesanal,
disseminadas em oficinas e treinamentos pelo SEBRAE, transformaram a sua produção em uma atividade econômica lucrativa capaz de gerar renda e sustento para a família.
A exemplo de Isabel Matos, 60 anos, que trocou a profissão de costureira pela de artesã por um desses acidentes de percurso que a vida reserva. Com brilho nos olhos, ela diz não ter se arrependido de trocar agulhas, tesoura e tecidos pelo barro, a matéria-prima de suas obras. As mãos que antes criavam todo os tipos de roupas passaram a dar forma a personagens da cultura popular maranhense esculpidas em cerâmica. São figuras como a coreira do tambor de crioula, o brincante do bumba-meu-boi, do cacuriá e tipos como o pregoeiro, o lavrador e o estivador.  
A partir de um curso de modelagem em cerâmica, oferecido pelo SEBRAE, a artesã  começou a valorizar as peças que fazia intuitivamente e descobriu que o ofício podia ser um negócio lucrativo. Hoje, ela tem obras espalhadas pela França, Itália e Suécia e já expôs até na Bienal de Arte de Piracicaba (SP). Venceu por três anos o concurso de presépios promovido pelo Departamento de Assuntos Culturais – DAC, da Universidade Federal do Maranhão e virou instrutora do SEBRAE, ministrando oficinas em São Luís e cidades do interior do estado.  “O conhecimento adquirido com os treinamentos do SEBRAE me deu tudo que conquistei”, conta com indisfarçável entusiasmo.   
Outro para quem a descoberta do empreendedorismo deu um novo rumo na atividade profissional foi o administrador de empresas Fábio Soeiro, 38 anos.  Ainda estudante universitário ele vendia confecção para pagar a faculdade. Até o dia em que decidiu criar as próprias peças decorativas para o apartamento. Eram quadros confeccionados com fibra de buriti, de vidro, papel alumínio, cabo de vassoura, punho de rede, resíduos de MDF, que caíram no gosto dos colegas. Com a surpreendente aceitação do trabalho, partiu para oferecer as peças pelas ruas da vizinhança do bairro onde morava. Um consultor do SEBRAE o descobriu em das esquinas da vida e sua vida mudou.
Tudo que produz hoje é vendido rapidamente e o artesão faz da sua criação a fonte de renda que sustenta a família. Não perde uma atividade ligada ao artesanato,  pois considera a troca de experiência fundamental para o crescimento profissional. “O SEBRAE me ajudou a formar uma visão macro de todos os aspectos do empreendedor, desde a questão da identidade visual até o acesso ao crédito e capitalização”, diz Soeiro que está partindo para a sexta exposição individual. Nada mal para quem tem apenas seis anos de atuação no mercado do artesanato maranhense.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário