
A política desenvolvida pelo governo do estado do Maranhão desde a década de 60 com a Ascenção de José Sarney ao poder, vem sendo pautada numa aliança com o grande capital privado. Tal como, a própria essência do capitalismo assume um caráter contraditório, a politica do Maranhão se justifica no discurso de superação do atraso.
Do ponto de visto teórico, o rompimento da burguesia com os interesses do povo em favor da adoção da filosofia da decadência, como explica Nelson Coutinho – 2010: “tiram vantagens do que podem, ou seja, utiliza elementos filosóficos fetichizados num sentido oposto ao originário”. Nesse sentido o termo “superação do atraso” perde conteúdo social e serve ao processo de alienação do povo sobre o seu próprio atraso.
A questão central está na opção de desenvolvimento que o governo optou no contexto geral e, limita a capacidade do estado em atuar com categorias menos favorecidas.
Dados do IBGE, apontam o Maranhão como o estado mais pobre do País 63,5% de sua população vive com menos de 300 reais per capita como mostra o quadro abaixo:
Mais Pobres Menos Pobres
1- Maranhão: 63,5% da população
são pobres 1. Santa Catarina: 12,3%
2- Alagoas: 59,7% 2. Distrito Federal: 16%
3- Piauí: 58,1% 3. São Paulo: 16,1
4- Pará: 55,9% 4. Rio Grande do Sul: 18,6%
5- Ceará: 54,8% 5. Paraná: 19,7%
6- Paraíba: 53,6% 6. Rio de Janeiro: 22,2%
7- Bahia: 52,7% 7. Goiás: 24,2%
8- Sergipe: 52,1% 8. Espírito Santo: 26,8%
9- Pernambuco: 51,8% 9. Mato Grosso do Sul: 26,8%
10- Amazonas: 51,7% 10. Mato Grosso: 27%
Fonte: IBGE - 2010
Ao longo de 20 anos o numero de municípios entre os 100 mais pobres do Brasil cresceu 400% no Estado. No gráfico abaixo podemos observar o movimento, a linha verde representa o dado mais atual e a linha azul o mais antigo, veja que no estado do Piauí ouve uma diminuição da pobreza e Alagoas teve uma queda significativa, mesmo com números pequenos em relação ao universo.
Fonte :PNUD
O gráfico a seguir faz uma comparação do Estado do Maranhão com o Piauí e Paraíba, o número 1 refere-se ao ano de 1991, a pobreza era liderada pelo Piauí seguido pela Paraíba; o numero 2 refere-se ao ano 2000, o Maranhão sai de 3º colocado para assumir a ponta como o estado mais pobre da federação, um crescimento de 260%, e continuou crescendo chegando aproximadamente 63% de sua população em situação pobreza em 2010.
Fonte: PNUD, 2013
O estado também se destaca no índice de pobreza extrema, ocupa a ponta negativa com aproximadamente 27% de sua polução que equivale a aproximadamente 1.600,000 pessoas vivendo com até de 70 reais per capta mensal é comparável a África do Sul que viveu por década o regime de segregação racial.
Fonte: Atlas DH, PNUD, universo de domicílios permanentes.
Quando se trata de outros indicadores o Maranhão mantem um equilíbrio com relação ao estado do Piauí, Alagoas e Paraíba, um exemplo: a taxa de analfabetismo o Maranhão ocupa o 4º lugar com (19,31%), seguindo pela Paraíba com (20,20%), Piauí (21,14%) e Alagoas (22,52%).
No geral o Maranhão ocupa o segundo lugar no ranking de desenvolvimento humano atrás apenas de Alagoas, no entanto o destaque em termo de pobreza pode ser traduzido no aspecto qualitativo das demais politicas públicas, ou seja, a forma como são implementadas pelos governos.
Os números acima mostram que os sucessivos governos tomaram decisões desastrosas em relação a grande maioria da população, que hoje se encontram em situação de pobreza na contramão de outros estados.
A pobreza no estado do Maranhão, portanto, reflete um conjunto de carências históricas dentre as quais destacaria a educação, a deficiência nesta área permite a criação de uma realidade fictícia, dados que não resiste à realidade concreta que se expressa na renda.
Umas das possíveis explicações para as distorções entre os índices de educação e renda podem estar nos mecanismos políticos e econômicos de concentração de renda. Os dados mostram que o Maranhão volta a assumir um destaque negativo quando se trata de concentração como mostra o gráfico abaixo, dados de 2010.
Fonte: Atlas DH, PNUD, 2013.
Dos 100 municípios brasileiros com maior concentração de renda 26 estão no Maranhão, são dados difíceis de serem manipulados, pois se expressa na realidade concreta, diferentemente de dados sobre educação muito mais difícil de medir do ponto de vista qualitativo.
Podemos observar que o gráfico do Maranhão se acentua quando incluímos uma maior percentagem dos mais ricos reafirmando a acentuada linha de pobreza que o Estado produziu durante os 20 últimos anos.
Fonte: Atlas DH, PNUD, 2013.
A questão mais preocupante é que estes dados revelam uma posição politica com pouco ou nenhum compromisso com a inclusão dos mais pobres, ou seja, a grande maioria da população e, portanto, a possibilidade de manipulação estatística sobre politicas estruturantes como saúde, educação e geração de emprego são menos questionadas.
A manipulação de dados (educação) compromete o futuro das novas gerações com a manutenção da incapacidade de fazer frente aos obstáculos produzidos pela própria politica que o Estado vem adotando.
Em depoimentos colhido nas atividades de consultoria, professores das escolas do campo revelam que não é raro encontrar alunos no sexto ou sétimo ano sem saber lê e escrever. O gráfico abaixo mostra que se continuar neste rumo, as nossas futuras gerações já estão condenadas à pobreza, dados de 2010.
Fonte: Atlas DH, PNUD, 2013
O Programa Bolsa Família beneficiou, no Maranhão em 2013 no mês de abril, 936,376 mil famílias, cobrindo um total de mais de quatro milhões de pessoas. Isso num estado que tem uma população global de 6,3 milhões de habitantes.
As famílias recebem benefícios com valor médio de R$ 173,06 e, o valor total transferido pelo governo federal em benefícios às famílias atendidas alcançou R$ 162.053,413 no mês. E dados oficiais do governo federal indicam que 91,58% das crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos estão escritas no Programa no estado.
Este é mais um indicador que a preocupação dos governos no Maranhão é basicamente atender os critérios básicos de captação do recurso e o investimento pode ficar apenas na matricula.
Em suma o governo do estado governa apenas as condições estruturais e “legais” que interessa aos grandes investidores e, na contra mão do aumento do PIB, cresce os índices de pobreza e da desigualdade entre os ricos e os pobres.
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