quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Uma nova cultura política


O Maranhão, ao que parece, finalmente está entrando nos trilhos. As ações iniciais do governador Flávio Dino e sua equipe são um sinal claro disso. 

Desde que assumiu o poder, Dino vem promovendo o enxugamento da máquina administrativa, ao mesmo tempo em que anuncia medidas importantes para valorizar o funcionalismo público e tornar seu governo mais transparente.

Um exemplo foram as mudanças em relação à Fundação da Memória Republicana Brasileira – que daqui pra frente será administrada por um procurador do estado e terá que “manter a função pública”. Outro exemplo: o reajuste no salário dos professores efetivos e contratados, a reforma emergencial de escolas estaduais e a realização de eleições diretas para diretor. Sem contar o esforço concentrado na reorganização do sistema de segurança, capitaneado pelo secretário Jefferson Portela.

Parece pouco, mas não é. Se considerarmos que o estado do Maranhão passou por meio século de desmandos, com absoluta confusão entre interesses públicos e privados, o que o governador Flávio Dino está fazendo agora chama a atenção.

São passos importantes não apenas para melhorar os serviços oferecidos pelo Estado, mas também para transformar a nossa cultura político-administrativa, há décadas baseada no patrimonialismo, no coronelismo e em relações estritamente pessoais.

O “choque de capitalismo” liderado por Flávio Dino tem dois objetivos: de um lado, institucionalizar as relações políticas e administrativas, erradicando o "toma lá, dá cá"; do outro, criar entre nós a cultura da meritocracia, da competitividade e das oportunidades iguais para todos, não apenas para os poucos que sempre estiveram sob a égide do poder palaciano. Enfim, modernizar o Estado, inserindo-o de vez no século 21.

Mas atenção! Acabar com o improviso, com o jeitinho e com apadrinhamento que sempre imperaram no setor público estadual e nas nossas relações políticas - e cujas consequências era um Maranhão atrasado e fora da realidade do resto do país – não é tarefa fácil. 

As reações virulentas às primeiras medidas saneadoras decretadas por Dino já dão uma pequena amostra do que elas representam. De fato, realizar faxina, cortar antigos privilégios e apontar os erros do passado causam dissabor. Exigir uma nova postura diante do Estado, em alguns casos, provoca completo desespero. 

Mas se essa nova cultura da eficiência e da seriedade no trato da coisa pública se enraizar na nossa sociedade, com certeza teremos um estado mais justo. Noutras palavras: se entre nós florescer a ideia de que a política pode ser dirigida em benefício do povo e de que os serviços públicos podem ser realizados com ética, certamente veremos um Maranhão melhor. 

Para quem estava acostumado a ver o nosso estado figurar na imprensa nacional da forma mais grotesca, mesquinha e ridícula possível – não por culpa de perseguições maquiavélicas e preconceitos de setores do sul do país, como tentaram tantas vezes nos fazer crer, mas por conta dos descalabros praticados ao longo do tempo –, resta torcer para que daqui pra frente a gente possa ver o Maranhão tendo o destaque que merece. 

E mais: torcer para que as pessoas possam andar de cabeça erguida. Desfrutar das riquezas e potencialidades que o estado produz e que até pouco tempo serviam apenas para custear os banquetes palacianos, regados a salmões, lagostas e outras iguarias dignas dos melhores salões e cassinos mundo a fora. Se isso ocorrer, será esse certamente o grande legado do governo Flávio Dino.
 
Ivandro Coêlho, professor e jornalista

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