quarta-feira, 6 de abril de 2016

Escritora Conceição Evaristo abre a II Semana de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros

 

A Literatura Africana e Afro-Brasileira, que foi Eixo Interdisciplinar do primeiro semestre do curso, é o tema do evento

Foto Escritora Conceição Evaristo abre a II Semana de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros
SÃO LUÍS – Com o tema “Literatura Africana e Afro-Brasileira”, foi iniciado na última segunda-feira (4), no Auditório Central da UFMA, a II Semana Interdisciplinar dos Estudos Africanos e Afro-Brasileiros. A conferência de abertura do evento foi ministrada pela escritora mineira Conceição Evaristo, com o tema “Quando a Literatura reivindica uma outra história”. A obra da escritora mineira “Olhos d’Agua” foi bibliografia obrigatória do Eixo Interdisciplinar “Literatura Africana e Afro-Brasileira” do primeiro semestre da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, primeiro curso do gênero no Brasil e promotora do evento.
A abertura contou com a presença da reitora da UFMA, Nair Portela; do diretor do CCH, Francisco de Jesus Silva Sousa; da diretora científica da Fapema, Silvana Magali; do coordenador do NEAB/UFMA, Carlos Benedito Rodrigues da Silva; do representante do Coletivo Cultural Sonhações, Marcelo Pagliosa; e da coordenadora da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, Kátia Regis.
De acordo com a coordenadora do curso, Kátia Regis, o curso vem a cooperar com o ensino da cultura africana e afro-brasileira e com a efetivação da Lei 10.639/2003. “O valor deste evento se dá justamente na perspectiva da possibilidade de estar refletindo sobre a literatura africana e afro-brasileira para que ela possa efetivamente contribuir nas práticas educativas que contemplem o ensino da história da cultura africana e afro-brasileira e contribuir com a implementação da Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da temática”, explicou.
Para a reitora da UFMA, Nair Portela, o Brasil tem um débito com a população negra, e este curso vem fazer esse resgate. “O curso é de muita importância não só para nós maranhenses, mas para a sociedade brasileira pelo seu pioneirismo. É também o resgate do débito que o Brasil tem com a população negra, e sendo a UFMA a pioneira desse debate para a licenciatura voltada para a cultura negra, isso nos deixa orgulhosos”, enfatizou.
A diretora científica da Fapema, Silvana Magali, elogiou o evento e disse que é importante ampliar o debate acadêmico em torno das questões raciais. “A Fapema se sente muito honrada em apoiar este evento e mais ainda um evento desta magnitude para a UFMA e para o Brasil, com a expressão da população negra cada vez mais a ampliar o debate acadêmico em torno das questões raciais. A nossa instituição prima por essa referência, a questão de raça e etnia, enquanto objeto de pesquisa. Portanto é importante ver emergir e ver cada vez mais crescer o objeto de pesquisa se voltando para as populações negras”.
Durante a palestra com o tema “Quando a Literatura reivindica uma outra história”, a escritora mineira, Conceição Evaristo, falou do mito fundante do Brasil e da heroicidade na literatura brasileira. Para a escritora, o africano e seus descendentes não entraram na literatura como mito fundador, mas o elemento europeu, que seria expurgado, entra nesse mito, porque o negro ainda era escravizado. “O sujeito africano não entra como mito fundante porque naquele momento ainda estávamos no sistema de escravidão e a nação não queria ter como mito fundante o sujeito escravizado”, analisou.
A escritora explica que a população descendente dos africanos no Brasil, além de ter perdido seus mitos fundantes, se referenciando para a história da África, não se constitui como mito fundante na nação brasileira. Então, para alimentar a autoestima ou para alimentar a dignidade do afro-brasileiro, passou-se a criar outros mitos fundantes, como Zumbi e Dandara. Para ela, todos esses mitos que estariam relacionados à história da resistência negra brasileira são os mitos fundantes da comunidade negra.

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