O governador do Maranhão afirmou, em entrevista ao portal UOL, que só Bolsonaro pode evitar colapso na Saúde. Para ele, é hora de cobrar do presidente ações imediatas para evitar o colapso do sistema de saúde.
Com muita indignação, o governador Flávio Dino (PCdoB), criticou as declarações de Jair Bolsonaro, que minimizou as mortes por covid-19 e culpou os governadores pela proliferação do novo coronavírus. “É preciso que o presidente da República entenda já hoje, como maior autoridade do país, que ele tem de fazer, que deve fazer um pronunciamento à nação apelando para as pessoas cumprirem as medidas preventivas”, afirma.
Quanto às medidas de combate à pandemia da Covid-19, o governador reforçou a necessidade do isolamento social. “Essa é a questão mais importante hoje: distanciamento nas próximas duas semanas para poder evitar o colapso absoluto. Hoje estamos na beira do precipício, na beira do colapso absoluto, e precisamos evitar, e Bolsonaro é o principal responsável para evitar essa situação”, prossegue.
Apesar de apelar para o presidente, Flávio Dino não vê “qualquer sinal” de que seja atendido. “Essa declaração desleal e irresponsável que proferiu, culpando governadores, não autoriza otimismo. Mas espero que a pressão social, e também das outras instituições, o levem para que ele faça alguma coisa”, avalia. Dino acrescentou ainda que “é muito difícil para um governador sozinho fazer que cumpram as medidas, sendo que o presidente diz o contrário.”
O governador maranhense diz que a situação do país com a covid-19 é gravíssima, e o momento é de “serenidade” e “capacidade decisória”. “Os governadores, de modo geral, têm tido isso, o que não significa dizer que a situação está sob controle. Não está!”
“Estamos vendo os indicadores objetivos: curva ascendente de casos, curva ascendente de mortos, lotação de hospitais públicos e privados, sobrecarga nos serviços funerários, só uma pessoa delirante pode dizer que estamos diante de uma situação normal”, alega.
Contra a saída, a favor de ações
Flávio Dino se mostra, neste momento, contrário à saída de Bolsonaro. “A curto prazo, não [vejo a possibilidade]. Imagino até que ele deve continuar neste momento. Nós temos uma questão dramática sobre a mesa das decisões do país que é o coronavírus, seus aspectos econômicos, sanitários e sociais. Não imagino que seja o momento que haveria a troca. Essa é uma questão futura”, pontua.
O governador sugeriu, além de um pronunciamento do presidente orientando o isolamento social, a atuação imediata de articulação de Bolsonaro a fim de garantir equipamentos fora do país.
“Eu tenho aqui respiradores, comprei na China, consegui receber hoje às 3h da manhã. Já comprei mais na China, o Consórcio Nordeste comprou mais de uma empresa da Inglaterra. Mas seria outra coisa o presidente usar o seu poder de mobilização, usar a diplomacia e ligar para chefes de estados de outros países”, diz.
Flávio Dino avalia que, diante da queda no número de casos em alguns países, como a China, “presume-se que a capacidade operacional desses países está sendo liberada”. Isso, na sua visão, pode ser uma oportunidade na negociação de aparelhos. “Mas quem tem de fazer esse apelo? Eu, governador do Maranhão que vou falar com o presidente da China? Pegar o telefone e ligar para a Angela Merkel? Isso é papel do presidente da República! Ele tem de mandar o avião dele, que não está servindo para nada, até a China para buscar equipamento,” afirmou o governador do Maranhão
Para ele, outro caso que precisa ser freado é a desorganização do pagamento do auxílio de renda básica. “Ela é uma medida imprescindível, mas Caixa e Banco Central não se preparam para essa operação. Estamos vendo o crescimento de aglomeração de pessoa, em filas absolutamente aleatórias, desorganizadas. E isso se transforma em vetores poderosos do novo coronavírus. Não é apenas uma coincidência esse crescimento de casos em concomitância dessas gigantescas aglomerações sem que as autoridades federais tomem qualquer providência”, diz. Flávio Dino afirmou que consultou o Exército para saber se os militares poderiam organizar as filas dos bancos federais, mas a resposta foi negativa.” Então a gente vê que não há uma mobilização do governo federal para enfrentar [o problema]”, completa.
Falando como cidadão, Dino desabafou: “Estou indignado com essas omissões, com essas inércias, com essas frases bárbaras, com essa indiferença. Estou indignado, acima de tudo como brasileiro; acima de tudo como cidadão do país; como pai; como filho que tem pai e mãe idosos. Eu estou vendo a situação por dentro como está o país todo, todo mundo está vendo pela TV, pela internet, menos Jair Bolsonaro”, afirma.
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