terça-feira, 6 de setembro de 2022

E se Cristo voltasse hoje à Terra, como reagiriam as elites brasileiras e os cidadãos de bem?


Dr. Manoel Henrique
Imaginemos que Cristo voltasse por esses tempos à Terra (Ato dos Apóstolos 1:9-11) e que resolvesse aportar no Brasil.
Imaginemos que, voltando com a mesma simplicidade no se vestir, no se alimentar, no se cuidar e, com a mesma aparência de morador de rua, anunciasse a sua vinda.
O que diriam as elites bem vestidas, bem alimentadas e bem cuidadas acerca daquele "mendigo maluco" que estaria se autoproclamando o Filho de Deus vivo?
Imaginemos que Ele pregasse contra a mercancia nas igrejas (João 2:13-22), o que diriam os sacerdotes mercenários que enriqueceram às custas da fé de pessoas ingênuas, sofridas e desprovidas de senso crítico?
O que diriam os religiosos fundamentalistas e radicais se Ele pregasse que não é a religião que salva e sim a religiosidade (Lucas 10:25-37)?
E os machistas e misóginos, se Ele afirmasse que homens e mulheres são iguais e que deveriam se respeitar (Gênesis 2:21-24)?
Será que Ele teria algum crédito junto aos racistas, se pregasse que índios e negros não são inferiores aos brancos (Gálatas 3:28)?
E se Ele condenasse quem prega o ódio e enaltecesse os pacificadores (Mateus 5:9), qual seria a reação dos cristãos que defendem o armamentismo e fazem arminha com as mãos?
Qual seria a reação dos óbicos, se Ele afirmasse ser contra qualquer tipo de preconceito (Tiago 2:8-9)?

E se a ganância dos banqueiros fosse também contestada por Ele (Eclesiastes 5:10), o que diriam tão digníssimos cristãos, assíduos frequentadores de missas e cultos?
Será que os desenvolvimentistas, sem preocupação com a sustentabilidade, acreditariam quando Ele dissesse que Deus entregou a Terra ao homem para ele lavrar, mas que era pra ele cuidar dela também (Gênesis 2:15)?
Os grandes empresários então, será que caçoariam dEle, quando Ele condenasse a exploração inescrupulosa de seus empregados pelo capital (Salmos 12:5), assim como os ultraliberais iriam contrariá-Lo, quando Ele demonstrasse que o Estado mínimo é injusto para com os desvalidos (Provérbios 14:21)?
E aqueles que chamam de bandidos aos outros que discordam de si, ficariam satisfeitos, se Ele lhes dissesse que ninguém pode julgar ninguém para que não seja julgado (Mateus 7:15)?
Com certeza, o discurso dessas pessoas seria, mais ou menos, assim:
"Não. Esse não poderia ser Jesus. Com essas ideias absurdas contra a família, a tradição e a propriedade, jamais poderia falar em nome de Deus."
Diriam se tratar de um daqueles falsos profetas que corrompem e interpretam erroneamente as Sagradas Escrituras (1Timóteo 6:3-5).
E continuariam...
"Como Jesus poderia afirmar que a raça branca não seria a escolhida dEle (Atenção! Jesus nunca foi louro e de olhos azuis) e que os ricos não são superiores aos pobres, se minha família me ensinou assim desde pequeno? Como não odiar os homossexuais, se eles não passam de aberrações tal como meu sacerdote doutrinou? A propósito, por que condenar as fortunas dos nossos sacerdotes, se eles nos vendem algo muito maior, que é a salvação? Por que o Estado teria que se preocupar com esses pretensos pobres e desvalidos, se eles estão nessa situação porque querem? Não! Alguém tem que dar um basta nesse impostor antes que ele, com essas ideias subversivas, arraste com ele alguns verdadeiros cristãos, pessoas de bem, é claro."
O Sinédrio (Lucas 22:63-51) estaria formado: os sacerdotes mercenários, através de suas gigantescas redes de comunicação; os grandes empresários, os investidores internacionais, os banqueiros e os grandes produtores rurais, por meio dos grandes jornais, blogues e revistas do país; os preconceituosos, os intolerantes, os racistas, os violentos, os fascistas, os fundamentalistas religiosos, os avarentos, os exploradores do suor alheio e, pasmem-se, os pobres metidos a rico, pelas redes sociais, inclusive, utilizando-se de fake news e robôs.
Nem precisariam de Judas. Jesus seria encontrado pelo aparato do Estado - leia-se, Polícia Federal - muito mais fácil do que certos laranjas motoristas e assessores. Nem precisariam dos trinta dinheiros. Bastariam o ódio disseminado e o incentivo dos acostumados aos costumeiros trinta por cento.
E a turba alucinada mataria Jesus. E festejariam depois. E continuariam frequentando suas igrejas, gritando amém ou aleluia, e tentando convencer ao próximo e a si mesmos de que são os verdadeiros cristãos e de que o Messias é outro.

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