Por Genivaldo Abreu
Não é muito fácil escrever neste momento de crise política e institucional em função do que o país passou durante o governo Bolsonaro e a pandemia. O governo que passou foi um desastre em todos os aspectos: político, social, moral e econômico. Quando o presidente Bolsonaro assumiu o governo brasileiro, não desarmou o palanque. Tratou logo de começar a descontruir tudo o que os governos petistas tinham construído durante todo os seus mandatos: todos os direitos dos trabalhadores, com a Reforma da Previdência e do Trabalho.
Bolsonaro tentou governar para a alta burguesia, os grandes empresários, deixando um rombo fiscal de mais de 400 bilhões de reais. O Brasil sangrou em todos os aspectos, com a venda indiscriminada de armas, aumentando a criminalidade e o feminicídio, sendo que as principais vítimas foram as mulheres. Além disso, destruiu a Amazônia e o meio Ambiente, dando pleno poderes aos madeireiros, latifundiários, grileiros e mineradores. O agronegócio foi o carro chefe desse empreendimento nefasto arquitetado por ele. O Brasil "cresceu" de forma assustadora do ponto de vista da delinquência e da insanidade dando sério trabalho para os profissionais de saúde.
O principal alvo dos bolsonaristas foi a educação em nome de Paulo Freire e o Comunismo de Karl Marx. Bolsonaro chamou o patrono da educação Paulo Freire de energúmeno por disseminar a ideologia de gênero que nem ele sabe o que significa. Já em relação a Karl Marx de acordo com os defensores da transformação neoliberal de todos os aspectos da existência humana no mercado, o marxismo fracassou. A catástrofe do comunismo histórico - os abusos dos direitos humanos e a repressão totalitária característicos dos chamados "Estados socialistas" da antiga União soviética e da China contemporânea - é apresentada como prova disso. Qualquer coisa que ultrapasse a defesa dos direitos humanos, afirma-se, necessariamente acaba em desastre.
A democracia parlamentar é o horizonte final do bom governo. O capitalismo é a forma final da sociedade justa. Para eles, Marx deveria ser diretamente responsável pelas atrocidades de Stalin e Mao e se diz ainda que o marxismo, por mais humanitário que pudesse ser, resultou em uma ditadura totalitária. Qualquer um que ouse questionar isso é prontamente indiciado com acusações de irresponsabilidade moral e política. Há não muito tempo, um filósofo pago por um assessor de uma multinacional ligada a um Departamento de Estado dos Estados Unidos triunfalmente, anunciou que o capitalismo essencialmente de mercado livre era o "fim da história." Essas opiniões foram silenciadas um pouco tarde, em face de crises financeiras sem precedentes e de contínuas guerras externas. Elas tinham pouco a dizer em relação à permanência de incontáveis milhões de favelas no planeta cuja miséria discreta e silenciosa refuta a grande mentira da nossa época: a de que o mercado é a maneira melhor e mais justa de trazer a prosperidade e a justiça para todos.
Mas os apologistas do status quo reaparecem num crescendo onde quer que o fantasma inquieto de Marx seja invocado. Marx está morto; o marxismo está acabado - e devem permanecer assim? Claro que não. O marxismo está mais vivo do que nunca, enquanto houver exploração capitalista nós pobres mortais estaremos de prontidão para combatê-los de forma inteligente e com as armas da revolução educacional, lembrando Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire. A esquerda nada mais é que o referencial de movimentos e ideias endereçadas ao projeto de transformação social em benefício das classes oprimidas e exploradas. Os diferentes graus, caminho e formas dessa transformação social pluralizam a esquerda e fazem dela um espectro de cores e matizes.
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