Um grave problema apontado pelo especialista é a crescente incidência da Síndrome de Burnout, que leva ao esgotamento físico e principalmente mental:
“Cerca de 37% dos profissionais desenvolveram essa Síndrome, como legado da pandemia. Nós temos um conjunto enorme de trabalhadores da saúde afetados por isso. As instituições de saúde precisam enfrentar com atenção a questão da saúde mental no ambiente hospitalar como está fazendo de forma louvável o HSE / HSLZ” frisou o psiquiatra.
Outro problema enfocado, e infelizmente crescente no Brasil entre profissionais de saúde também, é a questão da automedicação. O Brasil é campeão de pessoas que recorrem a medicamentos sem prescrição médica. Essa prática, longe de ser uma solução, pode levar a dependências e agravar problemas de saúde física e mental.
“Existe um trabalho da Associação Médica Brasileira que mostra que mais de 30% dos consumidores de remédios no país são adeptos da automedicação. A população está viciada nesse hábito. Muitas vezes uma dor de cabeça que é tratada só com um analgésico tomado por iniciativa do próprio paciente, devia ser investigada por um médico, pois pode ser um importante sinal de problemas graves como um início de AVC, uma doença cardíaca. Eu defendo que o diagnóstico tem que ser a bússola médica, e não sair prescrevendo remédios, sem antes ter um diagnóstico fechado e preciso. Isso é ainda mais importante nos casos de doenças mentais” frisou Palhano.
Ele ainda alertou sobre outro caso seríssimo que tem agravado os quadros de doenças mentais e causado dependências químicas: O uso indiscriminado de medicações voltadas para o tratamento de TDH, mas que estão sendo usados irresponsavelmente por pessoas sem o transtorno, para ter mais foco ao estudar ou trabalhar, e o pior, tem muitos nutrólogos associando essas drogas em protocolos de emagrecimento, quando só geram grave dependência química. É a tal da moda do Vivance e de similares, que é perigosíssima e precisa ser alertada e combatida” destacou o experiente psiquiatra.
O Dr. Ruy Palhano também fez questão de frisar o quanto os preconceitos que envolvem a psiquiatria e os cuidados com a saúde mental inibem as pessoas, que acabam evitando buscar ajuda profissional quando detectam alguns sintomas.
“Se você mesmo que de leve, suspeitar que não está bem, já é um forte sinal subjetivo para buscar o quanto antes ajuda psicológica ou psiquiátrica. As doenças mentais quanto mais precocemente detectadas e tratadas, melhor. Todas as doenças devem ser enfrentadas e tratadas, sem exceção: Da simples ansiedade, ao ataque de pânico, fobias, distúrbios de humor, depressão, esquizofrenia, dependência de álcool ou drogas, todas essas doenças quanto mais tarde tratar, pior será. A receita ideal é investir na promoção da saúde associada à prevenção das doenças. E cuidar dos cuidadores da saúde é urgente” alertou o Dr. Ruy Palhano.
Luciana Ferreira é Supervisora de Call Center do HSE, ela participou da palestra e sabe bem a importância de buscar ajuda para cuidar da saúde mental:
“Eu lidero uma equipe hoje de 34 pessoas e já tive problemas sérios com ansiedade, e tenho uma filha que também já teve esse problema. Eu posso atestar que o diagnóstico precoce é extremamente importante. Quero convidar a todos para procurarem ajuda, não terem vergonha de cuidar da sua saúde mental. Se cuide e se ame” enfatizou Luciana.
Paulo Vasconcelos, psicólogo hospitalar do HSE / HSLZ, que conduziu a roda de conversa entre colaboradores após a palestra; também reforçou a importância de pedir ajuda para manter a saúde mental em alta.
“Caso você reconheça que precisa de ajuda, peça ajuda logo. Pedir ajuda é a melhor coisa que você pode fazer por você mesmo. Cuide agora da sua saúde mental, para que não seja tarde demais depois” finalizou o psicólogo.
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