O
órgão municipal apresentará documento com indícios de que ex-presidente
foi alvo de uma conspiração, e não morto em acidente de carro
O relatório reúne 90 indícios,
“evidências, provas, testemunhos, circunstâncias, contradições,
controvérsias e questionamentos” que concluem que o ex-presidente foi
alvo de um complô em 22 de agosto de 1976. Segundo a versão oficial,
JK, que tentava articular a volta da democracia ao País, morreu em um
acidente com um Opala na estrada.
“Não temos dúvida de que Juscelino
Kubitschek foi vítiJoma de conspiração, complô e atentado político”,
afirma o vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão Municipal
da Verdade.
As circunstâncias da morte do
presidente são investigadas pelo órgão municipal, que busca ajudar a
Comissão Nacional da Verdade para esclarecer o caso. Em agosto, Serafim
Melo Jardim, secretário particular do ex-presidente nos seus últimos
nove anos de vida, afirmou à comissão ter certeza de que JK vinha sendo
vigiado. “Eu acompanhei o presidente desde que voltou do exílio. Sempre
que viajávamos ele dizia: ‘Estão querendo me matar’.”
Outro ponto levantado pela comissão na
época foi a falta de radiografia no corpo do motorista Geraldo Ribeiro,
apesar do fragmento metálico de sete milímetros em seu crânio, que
seria um grave indício de arma de fogo. As fotos dos corpos teriam sido
retiradas do processo a mando de Francisco Gil Castello Branco,
ex-diretor do Departamento Técnico-Científico da Secretaria de
Segurança Pública do Rio de Janeiro à época.
O esforço de JK para o retorno
democrático no Brasil nos anos 1970 era motivo de preocupação para os
agentes da Operação Condor, aliança político-militar entre as ditaduras
do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Em uma carta enviada no dia 28 de
agosto de 1975 para João Baptista Figueiredo, o chefe do serviço de
inteligência de Augusto Pinochet, coronel Manuel Contreras Sepulveda,
se diz preocupado com a possível vitória de Jimmy Carter nos EUA e o
apoio a políticos de oposição à ditadura na região, como o chileno
Orlando Letelier e o próprio JK.
Segundo ele, os líderes “poderiam
influenciar seriamente a estabilidade do Cone Sul”. No ano seguinte ao
envio da correspondência, JK morria em agosto, e Letelier, em setembro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário