Gervásio Santos - Ser Juiz na visão de quem representa a magistratura

Chegamos ao final de um ano de muitas realizações na magistratura. Apesar das dificuldades que se avolumam, os juízes maranhenses conseguiram manter o bom nível da qualidade dos serviços ofertados aos cidadãos. Na certeza de que uma magistratura forte só é possível com uma entidade representativa fortalecida, o Ser Juiz encerra o ano de 2015 com uma entrevista com o presidente da Associação dos Magistrados do Maranhão.

Gervásio Santos falou sobre a luta classista e uma das bandeiras a serem defendidas pela Amma em 2016. Ele classificou a magistratura maranhense como uma das mais preparadas e produtivas do País, mesmo em um cenário de escassez de recursos e de ausência de políticas.

 

QUEM É O JUIZ GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JUNIOR?

O Juiz Gervásio Santos é um profissional que tem a compreensão do exato papel do Judiciário para a estabilidade das demais instituições e das relações interpessoais. Por isso, desde que ingressou na carreira, tem tentado cumprir com as suas obrigações, com responsabilidade e dedicação, buscando contribuir, quer no âmbito da jurisdição, quer como representante classista da magistratura, para uma sociedade melhor em que o Direito e, sobretudo, a Justiça em todas as suas dimensões possam prevalecer.  

POR QUE UM FILHO DE DEPUTADO ESCOLHEU O DIREITO?

O meu pai além de ter sido parlamentar era um advogado atuante, tanto que quando faleceu exercia o cargo de Procurador-Geral do Estado do Maranhão. Eu sempre o tive como exemplo, e isso, sem dúvida, influenciou a minha escolha. Desde criança eu juntava jornais e revistas e punha debaixo do braço e dizia que eram os meus processos, daí que no momento apropriado a escolha foi natural.
 

HÁ QUANTO TEMPO ESTÁ NA MAGISTRATURA?
Ingressei na magistratura em dezembro de 1991, portanto, há 24 anos. 

O QUE REPRESENTA A MAGISTRATURA PARA VOCÊ?
Tenho um apreço extraordinário pela magistratura, afinal, quase a metade do meu tempo de vida está dedicado ao Poder Judiciário. Além disso, vejo na magistratura uma possibilidade concreta de contribuir para o fortalecimento da cidadania e auxiliar na construção de uma sociedade mais justa e menos conflituosa. Assim, para mim a magistratura é mais do que uma mera profissão, é uma missão.

COMO É EXERCER ESSA FUNÇÃO NO MARANHÃO?
O Maranhão é um estado carente, com muitos problemas sociais e isso, sem dúvida, dificulta o exercício da jurisdição. Costumo dizer que quem é juiz aqui é capaz de sê-lo em qualquer outro estado. As distâncias, o baixo índice de desenvolvimento humano dos nossos municípios, a falta de Estado em muitos deles, em especial, de uma estrutura de segurança adequada, torna o exercício da profissão bem mais árduo do que é em outras unidades da federação. Tenho esperança que o Maranhão entre em um novo ciclo de desenvolvimento e que essas agruras fiquem em um passado distante.
 

COMO AVALIA O TRABALHO DA JUSTIÇA MARANHENSE?
Tenho o privilégio de conhecer toda a magistratura brasileira, e posso assegurar que a nossa magistratura é uma das melhores do País. Temos uma magistratura tecnicamente bem preparada e que com o auxílio da ESMAM está em constante processo de aperfeiçoamento. Os resultados de produtividade demonstram que estamos em ampla evolução e os nossos números divulgados pelo CNJ estão dentro da média nacional.
 

COMO TEM SIDO A EXPERIÊNCIA A FRENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS?
Talvez seja uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida.  Tenho a honra e o privilégio de representar os meus colegas de profissão, mas sou especialmente grato a eles por terem me dado a oportunidade do crescimento pessoal propiciado pelo exercício do cargo de presidente da AMMA. Compreensão, alteridade, humildade, diálogo, respeito, solidariedade são palavras que tiveram o seu significado reforçado na minha vida com a experiência da representação classista.
 

QUAL A IMPORTÂNCIA DA ENTIDADE PARA A MAGISTRATURA MARANHENSE?
Não tenho dúvidas que a Associação dos Magistrados do Maranhão, como a voz política da magistratura, tem colaborado decisivamente para a evolução institucional do Poder Judiciário estadual, ora pleiteando melhores condições de trabalho, ora na defesa das prerrogativas indispensáveis ao exercício da jurisdição. E mais: a AMMA, além de cumprir o papel de congregar a magistratura em torno de interesses comuns, que vão do social ao institucional, tem um papel de destaque no âmbito da sociedade civil, o que contribui para a melhoria da imagem da própria magistratura.
 

O SENHOR PARTICIPOU DE UMA DISPUTADA ELEIÇÃO PARA A AMB E POR POUCO NÃO LOGROU ÊXITO. QUE LIÇÃO TIROU DAQUELE EPISÓDIO?
Que quando os propósitos são sinceros, a luta sempre vale à pena, ainda que haja uma derrota momentânea.
 

AINDA PRETENDE CONCORRER À REPRESENTAÇÃO NACIONAL?

Tenho a experiência e o conhecimento necessários acumulados em anos de associativismo para representar a magistratura nacional, mas a definição se vou concorrer, ou não, não é minha. Integro um grupo no âmbito da magistratura nacional que, no momento adequado, tomará uma decisão e estarei pronto para acatá-la, seja qual for.

ESTUDO RECENTE DA ANAMATRA REVELOU ALTO ÍNDICE DE JUÍZES DOENTES EM FUNÇÃO DO EXCESSO DE TRABALHO. COMO AVALIA ESSA QUESTÃO NA JUSTIÇA MARANHENSE?
Não somos diferentes da magistratura nacional. O exercício da jurisdição é altamente estressante e isso traz consequências negativas para a saúde. Aliás, essa é uma área que o nosso Tribunal precisa se preocupar mais, e será um dos pontos que integrará a agenda da AMMA para 2016
 

SEM A TOGA, QUEM É O CIDADÃO GERVÁSIO SANTOS?

Uma pessoa reservada, que não gosta de badalação e que tem prazer de ficar em casa.
 

COMO CUIDA DA SAÚDE?

Faço um checkup anual, e além disso, frequento a academia pelo menos quatro vezes por semana, rotina que sigo há 16 anos.


HOBBY?

Viajar a turismo, em especial a lugares exóticos. Esse hobby já me levou a países como Síria, Líbano, Irã, Senegal, Namíbia, Nicarágua e outros parecidos. Isso cria uma sensação de cidadão do mundo
 

LEITURA PREDILETA?
Gosto muito de História e Biografias. Terminei recentemente Cold War: Uma História Internacional, de Carole K. Fink e, antes, havia lido a biografia sobre Luís Carlos Prestes, de Daniel Aarão. E já estou ansioso para ler a biografia lançada por Anita Prestes sobre o seu pai.
 

FILME QUE MAIS GOSTA E POR QUÊ?
Não tenho um filme predileto, tenho preferência por aqueles que contam estórias de superação, a exemplo de "Um Sonho de Liberdade" ou "Invictus".
 

MANIA?
Nenhuma relevante, pelo menos na minha perspectiva, não sei na perspectiva de quem convive comigo.
 

O MELHOR DA VIDA É?
É ter a consciência tranquila de que você deu o melhor de si por aquilo que acredita.
 

FAMÍLIA É?
Um porto seguro.
 

O QUE VALORIZA NOS OUTROS?
Lealdade.
 

O QUE NÃO GOSTA NOS OUTROS?
Falta de alteridade.

CAMINHO PARA O SUCESSO É?

A trilha da perseverança, disciplina e organização.
 

SONHO?
De viver em um País que atenda às necessidades básicas de seus cidadãos, onde todos possam ter as mesmas oportunidades e que a discriminação de qualquer natureza não tenha espaço.