quarta-feira, 22 de junho de 2016

Governo inicia trabalho de indicação geográfica da tiquira

Representantes da Sagrima, Mapa, Embrapa e Sindibebidas, que coordenam o trabalho de indicação geográfica da tiquira. Foto: Divulgação
Representantes da Sagrima, Mapa, Embrapa e Sindibebidas, que coordenam o trabalho de indicação geográfica da tiquira. Foto: Divulgação
A rápida associação que fazemos entre produtos e países, como vinho do Porto português, o presunto de Parma italiano, a tequila mexicana e a champagne francesa são exemplos da importância da indicação geográfica na valorização de produtos cujas características singulares estão relacionadas a uma tradição ou método de elaboração de uma região territorial específica.
O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Pesca, em parceria com o Sindicato da Indústria de Bebidas, Refrigerantes, Água Mineral e Aguardente do Estado do Maranhão (Sindibebidas), está iniciando o trabalho de indicação geográfica da tiquira, uma das bebidas mais tradicionais do estado.
Após a primeira reunião com instituições públicas e privadas, como Ministério da Agricultura, Embrapa, Sebrae, Fiema e as Secretarias de Estado de Indústria e Comércio e de Agricultura Familiar, estão sendo formados grupos de trabalho voltados para o resgate histórico, cultural e geográfico da bebida, a produção de mandioca, o processo de agroindustrialização, mercados consumidores, normatização, cultura, turismo, gastronomia, entre outros, em um trabalho completo e abrangente que vai embasar o processo de indicação.
Para Alberto José, do Sindibebidas, a receptividade do governo estadual a essa demanda permitiu o início das parcerias. “A tiquira é um patrimônio maranhense, existente há centenas de anos, que ficou de lado por muito tempo, mas agora é o momento de fazer esse resgate histórico de um produto tão valioso para a nossa cultura. Aproveitando esse momento favorável de diálogo com o governo Flávio Dino e a Sagrima para iniciar esse trabalho conjunto não só para a indicação geográfica da tiquira, como para seu registro como patrimônio imaterial do estado do Maranhão, a níveis local e nacional”, explicou.
Parceria para indicação geográfica da tiquira inclui governo e iniciativa privada. Foto: Divulgação
Parceria para indicação geográfica da tiquira inclui governo e iniciativa privada. Foto: Divulgação
O objetivo da indicação geográfica é agregar valor aos produtos, aumentar a promoção comercial e, ao mesmo tempo, ser uma garantia de autenticidade, promovendo o desenvolvimento da região produtora e preservando a biodiversidade e do conhecimento tradicional.
De acordo com o secretário da Sagrima, Márcio Honaiser, a indicação geográfica da tiquira será uma grande contribuição cultural e também para a agropecuária. “A indicação geográfica da tiquira representa o reconhecimento ao valor cultural dessa nossa bebida tão tradicional, além de agregar valor ao produto e oportunizar novos mercados, incentivando assim a cadeia produtiva da mandioca”, disse.
Origem da tiquira
A tiquira tem origem indígena, a partir do cauim, um fermentado de mandioca. Com a chegada dos europeus ao Brasil, foram trazidas técnicas de destilação e o cauim se tornou tikira (líquido que goteja).
“Trata-se de uma bebida que só é fabricada no Maranhão e é a única aguardente de vegetal que tem uma legislação específica, um padrão de qualidade e identidade específicas. Mesmo na informalidade, ela ainda garante o sustento de milhares de pessoas ligadas à cultura da mandioca e à sua fabricação”, esclarece Mário Carneiro, consultor na área de tecnologia, inovação e desenvolvimento de novos produtos, que atua há 40 anos no mercado de fermentação.
Para Mário, não só a tiquira como outros produtos locais tem potencial para indicação geográfica e a tiquira abriria caminho para os demais. “Se formos avaliar todos os estados brasileiros, todos eles têm algum produto de origem agrícola, principalmente, que tem indicação geográfica e o Maranhão tem uma variedade de produtos com esse potencial, como o abacaxi de Turiaçu, o queijo de São Bento, a farinha de Carema, o mel do Alto Turi e a cachaça do Sertão Maranhense, por isso esse movimento de instituições envolvidas no trabalho de indicação”, disse.

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